‘Eu não admito preconceito estético’, diz escritor e jornalista Ricardo Cravo Albin

Elemara Duarte - Hoje em Dia
24/11/2015 às 08:03.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:03
 (Divulgação )

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O senhor da foto nesta matéria é o idealizador e mantenedor do maior dicionário de música popular no mundo. “E é o único”, acrescenta ele – o jornalista, escritor e pesquisador Ricardo Cravo Albin, que chega a Belo Horizonte, nesta terça-feira (24), para falar deste trabalho que denomina como “apostolar”. Outra missão na capital mineira é divulgar uma injustiça praticada contra um dos mais admirados artistas reunidos no dicionário que criou: o músico e escritor Vinicius de Moraes.

Cravo Albin lança o livro que organizou, intitulado “Vinícius de Moraes” (Edição do Instituto Cultural Cravo Albin, o Icca). Amigo do “Poetinha”, que morreu em 1980, o jornalista diz que este é um livro “de reverência” a um fato capital na vida de Vinicius: a recuperação da história dele como diplomata.

“Ele foi diplomata em 1942 e foi castrado (aposentado compulsoriamente) da carreira em 1968, no pior momento do AI-5. O chamaram de ‘poetinha vagabundo’. Este é um livro de homenagem. Era a atividade que ele mais gostava. Ele me disse, antes de morrer, que estava magoado com o Itamaraty”.

O jornalista lembra-se de Vinicius repetir: “Ele falava que sempre foi, como dizia no ‘Samba da Bênção’, ‘poeta e ex-diplomata’”. O revés no passado do artista carioca foi retificado – depois da morte dele, pelo menos oficialmente – com campanha na qual o Icca conseguiu reunir mais de 5 mil assinaturas, que foram enviadas ao Itamaraty.

Em 2010, em uma cerimônia em Brasília, o nome de Vinicius foi reabilitado ao corpo diplomático. “Fui o apresentador desta cerimônia”. Neste livro, Cravo Albin resgata a história de Vinicius de Moraes dentro da música popular juntamente com este episódio. “O livro traz material de arquivo com jornais da época dizendo sobre a brutalidade com que ele foi castrado no Itamaraty”.

E o Dicionário?

Criado há 20 anos, e tendo se tornado on-line em 2001, o “Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira” (dicionariompb.com.br) terá uma nova seção no próximo ano, com efemérides sobre o nascimento e morte de representantes da música nacional.

Outro planejamento do jornalista é estabelecer convênios com governos estaduais para pesquisar nomes de artistas locais. “Em MG, por exemplo, eu suspeito que haja uma multidão destes artistas”.

O critério para que um músico tenha o nome no dicionário é o “lançamento público” dele. Ou seja: “A pessoa precisa ter gravado um disco ou estar bombando na internet. Não pode ser um artista conhecido em uma escala apenas paroquial. E tem que fazer música brasileira. O que é publico, entra. Pode ser funk, rap, gospel. Eu não admito preconceito estético”.

Hoje, o verbetes mais procurados no site são Chico Buarque e Noel Rosa. Diogo Nogueira e Mumuzinho também aparecem em destaque. Entre as mulheres, Maria Bethânia. E entre os mineiros na lista, “Milton Nascimento sempre está lá”, cita o jornalista. Poderia ser diferente?

“O Autor na Academia” com Ricardo Cravo Albin, terça-feira (24/11), às 19h, na Academia Mineira de Letras (rua da Bahia, 1466, Centro). Os próximos convidados da iniciativa serão os jornalistas e escritores Ivan Ângelo (26/11) e Humberto Werneck (30/11). Entrada franca.

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