Exposição de Leandro Erlich no CCBB traz obra que traduz façanha de entrar na água e não se molhar

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
25/09/2021 às 08:21.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:56
 (Guyot/Ortiz/Divulgação)

(Guyot/Ortiz/Divulgação)

Passar vários minutos no fundo de uma piscina, com água até a borda, e mesmo assim não se molhar. Essa é uma das “façanhas” do badalado artista plástico argentino Leandro Erlich na exposição “A Tensão”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil.

Em todos os lugares por onde passou, a obra “Swimming Pool” se tornou a atração principal.  Em Belo Horizonte, não tem sido diferente – a procura é grande e, com o número limitado de ingressos devido aos protocolos sanitários, a espera é de uma semana.

“Não existe truque, mas a possibilidade de ver, simultaneamente, a ilusão e como ela é feita. Diria que há uma coexistência entre o ato ilusório e o artefato que cria esta ilusão”, registra. O “segredo” está numa fina camada de água na linha da borda.

A estranheza é o combustível do artista. “O que a minha obra pretende, em geral, é uma transformação ou uma alteração sobre a percepção, sem grandes recursos tecnológicos e sim com elementos que produzem uma certa magia”, define Erlich.

Sobre a piscina que criou, ele enxerga uma obra que gera encantamento  por diferentes razões, da simplicidade à familiaridade. “Mas também por apresentar uma situação em que se cria uma experiência extraordinária a partir de um artefato muito simples”, analisa.

Erlich também mira janelas e espelhos, muito presentes em seus trabalhos. “Janelas sempre foram fascinantes para mim. Eles são uma moldura para olhar, são nossos portais comuns. Gosto de criar novas situações que possam ser vistas ou conectadas por janelas”.

Há espaço ainda para barco e elevadores flutuantes, chamando a atenção para o que não damos o devido valor ao nosso redor. “Estamos acostumados a aceitar e não questionar o que vemos por causa da nossa alienação e porque não prestamos atenção”, diz.

Para Erlich, um estado de consciência permanente é provavelmente impossível, “mas no meu trabalho eu gosto de transitar nessa tensão e criar a partir dela”. Ele explica a relação entre realidade e ilusão valendo-se do contraste entre escuridão e luz.

“Esses são conceitos que estão intrinsecamente relacionados. Uma ilusão é uma realidade alterada perceptivamente ou uma realidade enganada. Ilusões podem ser produzidas, mas também podem existir por acidente como parte de nosso processo de percepção”, salienta.

Com ateliê em Buenos Aires e Montevidéu, o artista não para de ousar. “Estou trabalhando em vários novos projetos, de instalações em espaços públicos a esculturas digitais. Sempre tentando inovar e explorar além da zona de conforto”, avisa.

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