Exposição tem Bolinho 'saindo do forno' em BH

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
03/06/2021 às 21:05.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:05
 (MAURICIO VIEIRA)

(MAURICIO VIEIRA)

Bolinho está de volta às ruas. Após alguns meses sem pintar um dos personagens mais frequentes dos muros de Belo Horizonte, a artista Raquel Bolinho empunhou novamente os sprays para mostrar o doce colorido de feições humanas numa versão pós-pandemia, de máscara e à espera da vacina contra o coronavírus.

“Ele sempre tem isso de acompanhar tudo o que acontece. Do ano passado para cá, ganhou esta característica bem atual”, afirma Raquel, que passou um bom tempo em casa, fazendo livros de colorir e outros objetos, sem deixar de lado seu personagem, que nasceu em 2009 da paixão da artista por cupcakes e outras iguarias.

O desenho também é o anfitrião de um projeto que busca desmistificar a ideia simplista que o público tem do grafite. A “Mostra Arte do Bolinho – Ícone de BH” aproveita a curiosidade sobre o famoso personagem da capital mineira para exibir o processo criativo ao vivo, no Spot Culture, espaço dedicado à cultura do skate.

Durante duas semanas, de quinta a sábado, Raquel pintará ao lado de outros nomes importantes da arte urbana na cidade. Hoje, entre 17 e 22 horas, o parceiro será Kesa. Amanhã será a vez de Now. “As pessoas não conhecem os grafiteiros; só o grafite. Agora terão a experiência de acompanhar como é o processo, entendendo como ele funciona”, destaca Raquel.

Cansada de ouvir nas ruas frases como “Olhando assim, parece fácil (de desenhar)”, ela assinala que o grafite é tão complexo que cada artista tem um estilo muito próprio. A seleção dos artistas, que envolve ainda os nomes de Clara Valente, Comum, Fênix e Goma, representa “uma cena muito grande de Belo Horizonte, com trabalhos incríveis e bem diferentes”.

“Não me incomoda (apagarem meus desenhos). Gosto desta característica, de ser algo passageiro. Penso mais nas oportunidades futuras do que no que já passou”Raquel Bolinho

Se a criadora do Bolinho tem como principal ferramenta de trabalho o spray, Comum se vale do estêncil e Clara recorre à tinta látex. “A Clara, por sinal, trabalha formas geométricas e a Natureza. O João (Goma), as letras. Já a Fênix tem uma personagem que, diferentemente da minha, caminha por outra vibe, sendo mais delicada, com traços mais femininos”, compara.

Apesar das nítidas diferenças, cada dupla tentará fazer um trabalho integrado, usando a mesma tela. “Tem toda essa coisa de pensar os dois juntos (a obra) e absorver um pouco da técnica, das cores, e colocar no seu próprio trabalho, sabe? A ideia é que façam sentido como um desenho só”, explica Raquel.

Todas as obras integrarão a exposição que será inaugurada no dia 13, no mesmo espaço. O público também poderá ver o quanto o cupcake amadureceu nos últimos anos, como mesmo admite Raquel. 
“Quando comecei, não sabia nada, não tinha técnica de desenho. Era tudo bem básico. Com o tempo fui aprimorando. O Bolinho foi se encaixando, melhorando as proporções”.

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