Depois do documentário mais bem-sucedido do país, “Vinicius” (sobre Vinicius de Moraes), Miguel Faria Jr deve repetir o feito com “Chico – Artista Brasileiro”, que estreia nesta quinta-feira (26) nos cinemas, abordando a história de Chico Buarque de Hollanda.

O sucesso é inevitável por conta do grande número de fãs do artista que existem por aí. Tem gente que pode até ser chamada de fanática, como a jornalista e cantora Camila de Ávila, que faz questão de ter tudo do ídolo por perto: discos, DVDs, livros, biografias, cassetes, camisetas...

Ela se lembra que a paixão nasceu na infância, quando assistiu a “Kananga do Japão”, novela que tinha “Valsa Brasileira” na trilha sonora. “Semanas depois, meu pai comprou o disco e eu ouvi essa música várias e várias vezes”, diz.

Segundo ela, Chico causa paixões não apenas por sua belíssima obra. “Ele não é uma pessoa distante, de fala prolixa. Nas entrevistas, é um cara que se confunde, que ri muito do que fala. Ele é muito simples”, diz a cantora de 34 anos, que afirmou ter chorado um show inteirinho no Palácio das Artes da turnê “Chico”, em 2011.

Paixão e trabalho

Costa, de 22 anos, é tão fã de Chico Buarque que levou para o Trabalho de Conclusão de Curso de Moda, na Una, o universo do artista. “Busquei traduzir as mulheres presentes na obra dele, como a Beatriz e a Geni. Como elas se sentiam, que cor as representava, e fiz uma coleção sobre isso”, diz Lívia, que hoje mora no Rio de Janeiro. “Fico sempre na expectativa de vê-lo passar”.

Quem também levou o lado fã para o profissional foi Ricardo Nazar, conhecido na capital por ser parecido com Chico – rendendo piadas do próprio artista carioca sobre a proximidade. “No show do Palácio das Artes, teve uma hora em que ele perguntou de mim, se eu não poderia substituí-lo um pouquinho para dar umas entrevistas”, diz.

Comecei a fazer shows de brincadeira há 15 anos e muitas pessoas vinham me dizer que eu estava imitando bem. Só que eu não estava imitando, realmente o timbre é parecido”, lembra Nazar, que chegou a participar do espetáculo “Chico Rosa” e convidou Ana de Hollanda, irmã de Chico, para participar de seu segundo disco.

Como em ‘Vinicius’, filme combina imagens de arquivo com gravações de vários cantores
 
Começar o filme com a apresentação da música “Sinhá”, a impactante parceria de Chico Buarque com João Bosco presente no álbum “Chico” (2011), é uma escolha acertada de Miguel Faria Jr. É um recado: o documentário não quer se ater ao passado, à época em que o autor da banda era sinônimo de idolatria no país. Memória, envelhecimento e o tempo presente são os temas mais abordados ao longo de “Chico – Artista Brasileiro”.

Mais do que contar a história de um gênio e apresentar as suas diversas facetas, o diretor faz questão de mostrar composições lindas e menos conhecidas pelo grande público – interpretadas por convidados como Carminho, Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Adriana Calcanhotto, Mônica Salmaso e outros. Faria Jr mistura gravações musicais com imagens de registro, da mesma forma que fez em “Vinicius”.

Todas as escolhas cinematográficas do filme são caretas e manjadas, mas isso não tira a graça do longa. O homenageado se mostra à vontade e bem-humorado em todas as gravações e as imagens de arquivo são imperdíveis. O que um fã pode querer além disso?

O documentário tem um gostinho especial para quem leu “O Irmão Alemão” (2014). A história por trás do ótimo livro de Chico entremeia toda a trama do documentário.

Confira o trailer do filme:

Além de “Chico – Artista Brasileiro”, outros filmes nacionais chegam nesta quinta (26) aos cinemas. Caso do documentário “Chatô, o Rei do Brasil”, da comédia Bem Casados” e do drama “Órfãos do Eldorado”.
 

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