Fórum Internacional de Dança completa 21 anos diminuindo distâncias

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
11/11/2016 às 16:43.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:37

“Lifeguard”, do conceituado coreógrafo canadense Benoît Lachambre, é o espetáculo que abre o Fórum Internacional de Dança (FID) este ano – no dia 15. Derrubando barreiras entre o público e o artista, a coreografia guiada pela noção de alteridade convoca o espectador a tocar o corpo em movimento e assim diminui as distâncias.

O espetáculo de abertura aponta o caminho escolhido pela curadoria. Os trabalhos ganham não só o palco, mas espaço para compartilhar com o público as pesquisas e processos de criação. “Este ano o FID está mais acadêmico. Mas isso vem de forma híbrida. Tem espetáculo que é palestra ou laboratório, por exemplo”, elucida a idealizadora do evento, Adriana Banana.

Até o dia 23, estão previstos seis espetáculos de dança nacionais e internacionais, exibição de filme, lançamento de livro e palestras. A programação – na maior parte gratuita – serve de âncora para criar documentos históricos da dança no Brasil. “Pedi aos convidados que apresentassem suas histórias e com isso vamos formar um grande mosaico. Não tem uma verdade sobre a história da dança, mas não temos muitos documentos sobre isso”, diz.

Banana, que além de assinar a idealização do fórum é dançarina, vai se apresentar pela primeira vez no evento que completa 21 anos.

“Nunca achei ético me escolher para a curadoria, mas agora me dei esse direito”, justifica. Ela apresenta “Desenquadrando as Possibilidades do Movimento”, com a participação de Benoît e da dançarina mineira Cinthya Reyder.

Várias mãos
Como na última edição, o FID corria o risco de não acontecer. “E não é mimimi de artista. Só foi possível por causa de patrocínios que chegaram de última hora”, conta. Ela lembra que ao contrário de outros festivais da cidade que estão dentro da gestão da prefeitura, o FID continua sendo feito com o apoio de artistas e companhias de dança.

Intercâmbio com o Pará está entre as novidades

Permeado pelo anseio de criar documentos históricos da dança brasileira, o FID traz atividades como o projeto “Corpo, Tempo e Movimento”, onde as artistas Sandra Meyer e Diana Gilardenghi, de Santa Catarina, apresentam suas trajetórias pessoais, contexto social e composições no universo da dança, que somam mais de 40 anos.

Outro destaque da programação é a coreógrafa carioca Márcia Milhazes que apresenta o trabalho “Sempre Seu”, acompanhada de um conjunto de câmara ao vivo, que encerra o evento. Milhazes ainda ministra a palestra “Demonstrações e conversas sobre cultura e raízes brasileiras”.Divulgação / N/AMárcia Milhazes – A coreógrafa carioca ministra palestra e se apresenta acompanhada de um conjunto de câmara

A artista mineira Margô Assis chega com o espetáculo “M”, dirigido por André Lage. A montagem apresenta a forma como o corpo se relaciona com a dança, escultura, música, iluminação e instalação coreográfica. 

A criação de interfaces digitais para interação com a dança, está presente no trabalho de Thembi Rosa, que apresenta “Parâmetros em Movimento 2.0.1.6”. Um trabalho de pesquisa em parceria com o matemático e artista digital Manuel Guerra, o duo musical O Grivo e artistas visuais.

Parceria
Este ano o FID criou uma ponte entre Minas Gerais e o Pará, por meio da FIDoteca. O acervo de vídeos dos espetáculos já apresentados no fórum estará em Belém, na Escola de Teatro e Dança / Universidade Federal do Pará (UFPA). 

O convite veio da diretora paraense Waldete Brito, após a idealizadora do FID Adriana Banana participar de oficinas na capital do Pará. “Foi um dos lugares que senti mais respeito ao meu trabalho. Eles são abertos ao que você tem a apresentar”, assegura Banana. 

Além disso, a Waldete Brito vem para a capital mineira apresentar a conferência “Bricolagem / Experiências de Ensino de Dança”. 

A ideia para os próximos anos é tentar levar uma parte da programação do FID para o Estado. “Há sinalização de empresas que querem apoiar o projeto. A intenção é fazer essa troca para não ficarmos somente no eixo Rio / São Paulo”, argumenta.

Este ano serão exibidos três filmes. “Limiares – Com e Sobre Anderson João Gonçalves”, de Sandra Meyer; “Um filme de Dança”, da coreógrafa carioca Carmem Luz; e “Pinta”, de Jorge Alencar e Neto Machado. Após a exibição haverá bate-papo com os diretores. 

Outras informações em fid.com.br.Pedro Alípio / Divulgação / N/ATempo– As artistas Sandra Meyer e Diana Gilardenghi apresentam suas trajetórias na dança

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