Fauna exibe bastidores de sua 'peça de aglomeração'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
13/09/2021 às 06:57.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:51
 (GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO)

(GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO)

A palavra aglomeração virou um palavrão em tempos de pandemia. Mas é ela que o diretor e ator teatral recorre para definir “Fauna”, espetáculo do grupo mineiro Quatroloscinco que tem seu processo de construção examinado no documentário “Desmontagem Fauna”, já disponível no canal do Sesc Pompeia no YouTube.

“Por que é uma peça de aglomeração? Porque o público é parte da obra. Ela só existe porque o público a completa”, explica Ítalo Laureano, diretor do filme – ao lado da documentarista Janaína Patrocínio –  e integrante da trupe formada ainda por Assis Benevenuto, Marcos Coletta e Rejane Faria.

Justamente por esse formato, a peça não foi mais apresentada desde o início da pandemia, o que vale para lives também. “Por necessitar do público, ‘Fauna’ se viu nesse lugar, na impossibilidade de apresentar a obra. O que nos traz um questionamento interessante sobre o teatro digital. Como tudo na vida, tem seus pontos positivos e negativos”.

Por falar em pandemia, que isolou as pessoas de forma compulsória, uma das leituras possíveis para “Fauna” é a necessidade do encontro. “Já queríamos discutir, em 2016, a necessidade de nós, seres humanos, sermos seres de convivência, de contato. Aí veio a pandemia, que nos colocou isolados”, assinala Laureano.

O papel do espectador, nesse caso, é completar subjetivamente a obra, “não só sentado em sua poltrona”. O diretor explica que há vários momentos na peça em que as pessoas são convidadas a falar  e a entrar em cena, performando junto com os atores”, registra. Com essa proposta, a peça teve mais de 150 apresentações em 23 Estados.

Peça não tem divisão de público e palco

A ideia de fazer o documentário “Desmontagem Fauna” nasceu em função de um projeto do Sesc Pompeia, de São Paulo, que convidou vários grupos de teatro para falar de processos criativos de espetáculos apresentados na unidade – “Fauna” ficou em cartaz por lá entre janeiro e fevereiro de 2020.

“Foi um convite aberto, sem que fosse enviada nenhuma diretriz. A partir daí, o grupo definiu que eu iria dirigir o documentário, até por ter dirigido o espetáculo e por já ter feito cinema. Chamamos uma parceira de longa data,  a Janaína Patrocínio, para fazer a codireção”, destaca Ítalo Laureano.

O grupo desenvolveu um roteiro, gravou cenas em julho e usou imagens de arquivo do espetáculo. “Uma coisa que definimos rapidamente é que não queríamos trabalhar com entrevista. Queríamos um bate-papo, num formato de conversa indireta, que tem a ver com a linguagem do próprio espetáculo”.

O Quatroloscinco define “Fauna” como uma peça-conversa, em que não trabalham com a quarta parede, com a noção de personagens e com os atores performando textos. A peça não tem divisão de público e palco. No doc, os quatro atores-criadores fizeram uma roda de conversa”, explica.

Os realizadores colocaram as câmeras um pouco mais afastadas e abriram o que o diretor diz ser “uma conversa descontraída”, falando do processo de construção teatral do grupo, que se debruça sobre a criação coletiva, a dramaturgia autoral e a perfomatividade 

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