Fernanda Cabral disseca novo disco, que tem Ney Matogrosso, cultura indígena, poesia e natureza

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
24/08/2020 às 19:13.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:22
 (Andre Amaro/Divulgação)

(Andre Amaro/Divulgação)

Fernanda Cabral estava lecionando um curso de teatro no Instituto Cultural Casa do Béradêro, a convite de Chico César, em Catolé da Rocha, na Paraíba, quando percebeu uma águia planando próxima a ela, para a surpresa de todos ali presentes. Não pensou duas vezes em tirar uma foto daquela ave, ‘frequentadora assídua’ de seus sonhos, e enviar a imagem ao músico. Não demorou cinco minutos, e Chico mandou de volta a letra de uma canção.

“’Pássaro’ é um exercício de liberdade em muitos aspectos”, destaca a cantora sobre o primeiro single divulgado de seu vindouro segundo álbum solo, “Tatuagem Zen”, previsto para setembro, e que traz um dueto dela com um de seus mestres. “O Sasha Amback (produtor) e eu olhamos um para o outro e concluímos que a música era a cara do Ney (Matogrosso). E quando o Ney a ouviu, gostou muito. Ele é o ‘pássaro’, um dos maiores artistas que traz autenticidade, aquela coisa de ser livre, uma pessoa amorosa”, completa. 

Além de “Pássaro”, a mais recente canção divulgada, “Até Você Voltar”, lançada neste mês, integra o próximo full-length, que, como destaca Fernanda, possui um sentido que transpassa a música: uma proposta de as pessoas se conectarem com a natureza, algo que a humanidade perdeu ao longo do tempo.

“’Tatuagem Zen’ começa com o som de maracas, como se estivesse entrando numa floresta, uma sensação de estar numa aldeia, e se encerra com a voz a capela dos Guaranis Kaiowas. E aí tem uma coincidência, pois os Guaranis Kaiowas são da terra do Ney, que tem ascendência indígena, assim como eu tenho ascendência paterna indígena. Pude conviver e aprender muito com eles, uma das experiências mais importantes da minha vida, uma sensação de pertencimento; eles são da natureza, não existe separação de ser humano e natureza, é tudo a mesma coisa”, destaca.Andre Amaro/Divulgação

Mineiridades

O novo disco conta com músicas de “quatro compositores mineiros”. “Tem canção do grande mestre Fernando Brant, tem participação do Makely Ka (piauiense criado em Minas), o Leo Minax e minha mãe, Elisa Cabral. Minha mãe é de BH, minha avó de Uberlândia, meu avô de São João Del Rei. Tenho relação com Minas. Quando passar esse período de pandemia, espero fazer shows aí, onde nunca tive a oportunidade”, afirma a brasiliense.Andre Amaro/Divulgação / N/A

Trajetória

A cantora e compositora é dona de uma carreira consolidada em vários lugares, como na Europa e no Japão, incluindo o papel de intérprete na turnê do álbum "Alborada do Brasil", do espanhol Carlos Nuñez, e de preparadora vocal no filme "A Pele que Habito", de Pedro Almodóvar. Em 2011, lançou seu primeiro voo solo, "Praianos", e, desde então, tantos outros projetos musicais.

“Tatuagem Zen” terá algumas peculiaridades, características que não fizeram parte de outros momentos de sua trajetória. “Tive o desafio de transformar poesia em canção. Também produzi este álbum, do início ao fim, ao lado de outros produtores: Sacha Amback (Rio de Janeiro), Chico Correia (João Pessoa) e Vicent Huma (Madrid). Tem coisas diferentes no disco. Acho que é um álbum mais maduro também, sem preocupação com indústria ou mercado. As coisas acontecem quando têm que acontecer, acredito nisso profundamente”, ressalta. 

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