Ferreira Gullar volta a mostrar seu talento como artista visual

Agência Folhapress
08/11/2014 às 09:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:56
 (Ginga Fotos/Divulgação)

(Ginga Fotos/Divulgação)

RIO DE JANEIRO – Na janela de seu apartamento em Copacabana, no Rio, Ferreira Gullar costuma pendurar móbiles que faz com papel colorido. De tanto mexer com papéis, o artista e poeta descobriu por acaso o que chama de “revelação do avesso”. “Um dia, estava recortando papel verde para fazer uma espiral, mas a folha virou e o outro lado era cinza”, conta Gullar. “Colei daquele jeito mesmo. Era o direito e o avesso. Quando olhei aquilo, pensei que podia inventar outras colagens em relevo”.   Essas colagens, que depois foram refeitas em metal tão fino quanto papel, estão sendo editadas agora para acompanhar um livro de artista e serão expostas na semana que vem na galeria Dan, em São Paulo, marcando uma espécie de retorno às artes visuais do fundador do movimento neoconcreto. Em 1959, Gullar escreveu o manifesto que estruturou a mais forte das vanguardas estéticas no Brasil, liderando artistas como Hélio Oiticica (1937-80) e Lygia Clark (1920-1988), hoje estrelas da arte do país em mostras mundo afora.   Mas Gullar, que acaba de entrar para a Academia Brasileira de Letras, foi se afastando das artes plásticas e se tornou um dos críticos mais ferrenhos e conservadores da produção artística contemporânea. “É claro que algumas coisas são interessantes, mas a maioria não é. Ninguém vai me convencer que pegar três urubus e botar numa gaiola é fazer arte”, diz Gullar, sobre a polêmica obra de Nuno Ramos na Bienal de São Paulo há quatro anos. “Isso não é arte, é uma antiarte”.   Também é famosa a briga de Gullar com o poeta concretista Augusto de Campos e sua ruptura com os experimentos da arte concreta. Mesmo desiludido, o escritor diz que voltou ao campo da arte por insistência de amigos, que ficavam impressionados com suas colagens. Uma série acabou dando origem a “Zoologia Bizarra”, livro lançado em 2010.

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