Festejo do Tambor Mineiro celebra o congado nas ruas do bairro Prado, em BH

Daniele Franco
18/08/2019 às 16:22.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:02
 (Daniele Franco)

(Daniele Franco)

Milhares de pessoas acompanharam, neste domingo (18), a 16ª edição do Festejo do Tambor Mineiro, uma celebração do congado. O evento, organizado pelo músico e capitão de congado mineiro Maurício Tizumba, acontece no bairro Prado, região Oeste de BH, até às 22h.

A comemoração traz apresentações de guardas de congado e bandas de percussão que celebram a cultura do reinado/congado e do tambor em Minas. Segundo Tizumba, a festa começou com a formatura de um curso que ele deu em 2002 sobre os reinados e congados, que ficou tão grande extrapolou os portões do galpão e tomou conta da rua. 

"Foi uma evolução grande até aqui, mas aos poucos. Primeiro era eu e um ou outro amigo, mas com o tempo outros foram se juntando e hoje temos 120 pessoas trabalhando para a gente conseguir dar uma organização para que a festa flua com mais facilidade", contou o artista.

Neste domingo, 13 guardas de congado já se apresentaram na rua Ituiutaba, vindas de diversas partes da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do Estado. A programação ainda prevê outros grupos musicais, dentre eles o próprio Tizumba, que se apresenta com sua Oficina de Atabaque, os blocos Angola Janga, Tambor Mineiro, Saúde e Oficina Tambolelê.

Congado

O congado é, segundo Maurício Tizumba, uma manifestação banto-católica na qual os negros devotos de Nossa Senhora do Rosário fazem suas orações acompanhados de canto e dança. Os artistas se apresentam no chão em frente ao altar montado em homenagem a ela, feito em um palco de cerca de 30 centímetros.

"Para mim, como artista, não tem coisa melhor do que rezar desse jeito, porque tocar, cantar e dançar é a minha vida", revelou o artista, que se orgulha de ter nascido congadeiro.

De acordo com Tizumba, somente na Grande BH há entre 70 e 80 guardas de congado e a história do tambor congadeiro em Minas Gerais tem mais de 300 anos.Daniele Franco / N/A

Família no congado: o casal Nadir e Eustáquio e a sobrinha deles, Sônia, festejam a arte e a devoção

A artesã Sônia Gomes de Oliveira Santos, de 55 anos, foi pela primeira vez ao festejo e garantiu que pretende voltar. "É linda essa manifestação, essa mistura, essa união, pretendo voltar, claro", disse. Sônia foi acompanhada do tio, Eustáquio de Oliveira, e da esposa dele, Nadir. 

Oliveira, que tem 75 anos e faz parte do Grupo de Congado de Maurício Tizumba, se diz congadeiro desde a barriga da mãe e considera o festejo como uma oportunidade de reunir o povo negro em um ambiente de pertencimento, de união, e é a única forma que vê de se enxergar e enxergar seus antepassados. "No meu tempo, dançar congado era uma coisa ruim e as mães diziam que tinha 'bicho, capeta', e hoje que eu sou mais independente eu vou mesmo e não quero nem saber se o capeta vai", brincou.

Trânsito

O tráfego de veículos na rua Ituiutaba está completamente interditado a partir da rua Paraguassú. Motoristas que forem no sentido Prado devem virar a rua Paraguassú e buscar novos caminhos pelas ruas dos Pampas ou pela Diabase. Faixas sinalizam todos os desvios nas ruas do entorno.

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