Festival de Teatro de Bonecos constrói cenários de peças estrangeiras

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
04/11/2015 às 07:09.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:19
 (Virginia Srur/Divulgação)

(Virginia Srur/Divulgação)

Nos últimos dias, Lelo Silva não largou mão do martelo e dos pregos. A sede de sua companhia, a Catibrum, virou oficina para a construção do cenário do espetáculo espanhol “André y Dorine”, uma das atrações do 15º Festival Internacional de Teatro de Bonecos (FITB), que acontece de 11 a 22 deste mês no CCBB.

Com o dólar e o euro nas alturas, uma forma de baratear custos é montar os cenários no local de apresentação. “Além da passagem aérea, o que mais encarece é a carga”, explica Lelo, antes de dar os últimos retoques na exposição comemorativa do festival, que será aberta nesta quarta (4).

“Apesar de temporária, a vinda desses cenários configura importação, o que aumenta ainda mais os custos”, ressalta o organizador, acostumado com esse “trabalho para fora”. Na edição 2014, por exemplo, a Catibrum montou um trailer para “La Caravane de L’Horreur”, da França.

“Eles piraram com o resultado. Ficou igualzinho. No dia seguinte, aceitaram o convite de uma apresentação na China, que também teria os cenários construídos lá. Pensaram assim: se os brasileiros conseguiram, por que os chineses não podem?”, registra.

Outros cenários são tão complexos que não podem ser reproduzidos. “Nesse caso, normalmente os espetáculos não vêm (para o Brasil)”, lamenta Lelo, que vive, a cada edição, uma “briga”, principalmente no convencimento sobre a importância do teatro de bonecos. “Nesse país, as autoridades não enxergam as artes cênicas como deveriam. É difícil fazê-los entender que não estamos falando de um ‘teatrinho’, de uma brincadeira de escola”, afirma o organizador, que sente vergonha até em falar o valor do orçamento obtido para 2015: apenas R$ 400 mil.

Ele chegou a cogitar uma edição especial, por causa das 15 velinhas, mas se viu obrigado a diminuir a programação. Ao todo, serão cinco espetáculos internacionais e três do Brasil. Dois deles já conhecidos do público: o espanhol “L’Avar” e o alemão “A Rainha das Cores”.

A comemoração, porém, ficará restrita à exposição de fotos, flagrando as 236 peças apresentadas desde a primeira edição, em 2000. A maioria é assinada por Guto Muniz, fotógrafo oficial FITB.

Crise?

Lelo confessa que não foi fácil escolher os espetáculos brasileiros da grade, representados por “Plural”, da goiana Cia. Nu Escuro; “O Gigante Egoísta”, dos cariocas da Cia. Artesanal; e “Aventuras de Alice no País das Maravilhas”, uma das mais recentes crias do mineiro Giramundo.

Dificuldade pela quantidade de produções nacionais no segmento. “Não sei o que está acontecendo, mas o fato é que diminuiu bastante. Os trabalhos de qualidade ficaram escassos. Não sei dizer se é por causa da crise, da falta de grana ou de interesse. O que tenho visto mais são espetáculos acadêmicos”.

A programação terá o encontro de caixas de teatro, inspiradas na técnica de Teatro Lambe-lambe, recriado na década de 1980. São pequenos palcos, para um ou dois espectadores, com roteiros curtos que variam entre um e quatro minutos. “Vem sendo um dos maiores sucessos do festival”, anima-se Lelo.

15º FITB – Exposição “Fotografias de Guto Muniz ”. Desta quarta (4) a 22/11, de quarta a segunda, das 9 às 21h, nas galerias do andar térreo do CCBB (Praça da Liberdade). Espetáculos de 11 a 22/11 nos Teatros I e II. Venda de ingressos a partir desta quarta: R$ 10 e R$ 5 (meia). Informações: (31) 3431-9400 e festivaldebonecos.com.br.
Algumas apresentações dos grupos FITB:

L'AVAR



A RAINHA DAS CORES



LOS BEATERES



ANDRÉ Y DORINE



PLURAL



O GIGANTE EGOÍSTA



AVENTURAS DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

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