Festival Somos Todos Black celebra Dia da Consciência Negra

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
19/11/2018 às 17:43.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:54
 (MARCIO RODRIGUES/DIVULGAÇÃO)

(MARCIO RODRIGUES/DIVULGAÇÃO)

 Pioneiro na luta pelos direitos dos negros no Brasil, Zumbi dos Palmares morreu em 20 de novembro de 1695, tendo a cabeça cortada e exposta em praça pública. Mais de 300 anos depois, o negro muitas vezes ainda se sente no período colonial, lidando com uma realidade social que beneficia majoritariamente os brancos.  Esta repetição histórica é um dos temas do livro “O que é Encarceramento em Massa?”, de Juliana Borges, que será lançado dentro da programação do Festival Somos Todos Black, com início hoje, Dia da Consciência Negra. Entre as atrações estão shows, debates, culinária e muita reflexão sobre o papel do negro na sociedade atual. A publicação faz parte da coleção “Feminismos Plurais”, da editora Letramento, e evidencia, a partir de números, um aumento considerável de mulheres negras entre a população carcerária. “A justiça criminal se tornou um aparelho ideológico que serve ao controle e ao extermínio da população negra no Brasil”, afirma Juliana. A autora assinala que o advento da República não resultou na diminuição de ações racistas. Ela cita várias leis criadas após o fim da monarquia que ampliaram as desigualdades sociais. “Historicamente, a construção da criminologia no Brasil se dá com a figura do criminoso ligada à pessoa negra”, registra. A “Lei da Vadiagem” foi criada em 1941 e até sete anos atrás ainda estava em vigor, punindo quem não estivesse trabalhando. “Quando houve o processo de Abolição, não foi assegurado o trabalho aos escravos e muitos deles não conseguiram emprego, sendo presos por vadiagem”, lamenta. Já em 2006, a Lei das Drogas tornou um número de prisões que já era alto em algo assustador. “Apesar de buscar descriminalizar o usuário, ela tem uma série de vácuos, como não determinar a quantidade (de porte de drogas) que diferencia o usuário de um traficante”. Assim, negros flagrados com drogas são punidos, enquanto brancos ganham oportunidades de serem identificados como usuários ou receberem penas alternativas. “Nas favelas, o aparato militar é ostensivo, apesar de sabermos que as plantações e os laboratórios não estão lá. Essa é a contradição do sistema”, lamenta. MúsicaA ampliação desta consciência tem a ver com artistas como Flávio Renegado, nome importante do rap no país. No festival, ele elançará o seu primeiro disco, “Do Oiapoque a Nova York”, que está comemorando dez anos. “É um pretexto para trazer esse disco de volta e ficar disponível em plataformas digitais”, avisa o artista. Ao repertório, ele incluiu uma faixa-bônus com a sambista Manu Dias. Para Renegado, que fez questão de disponibilizar 500 unidades em vinil, o álbum é a base do trabalho que viria a desenvolver. “Todo o meu DNA está dentro deste disco, que continua bem atual”, observa. Festival Somos Todos Black – De hoje até domingo, com entrada franca. Programação completa em facebook.com/somostodosblack

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