Filme "Boneco do Mal" retoma o filão do terror

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
16/02/2016 às 07:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:25
 (Arte HD)

(Arte HD)

De aparência inofensiva e colorida, geralmente estão no quarto das crianças – e em bom número – com a aprovação irrestrita dos pais. O fato de terem esse acesso fácil, longe dos olhos dos adultos, é o que vem chamando a atenção dos produtores para essa vertente do terror: os brinquedos do mal.
 
O tema não é novo – um dos primeiros filmes a tratar disso foi “A Boneca do Mal”, de 1936, dirigido por Tod Browning, um dos pioneiros do terror –, mas ultimamente tem ganhado fôlego extra a partir das estreias de “Annabelle”, no ano passado, e de “Boneco do Mal”, que aporta quinta-feira nos cinemas.
 
Com a anunciada retomada da série “Brinquedo Assassino”, que trará de volta o icônico Chucky, em seu sétimo filme, o terror está apostando as suas fichas em antigas fórmulas. A ideia de um espírito ou demônio encarnar num singelo brinquedinho estava presente, por exemplo, em “Magia Negra”, de 1978.
 
Substituição
 
Com uma das estrelas da série “The Walking Dead” como protagonista, a bela Lauren Cohen (que, por sinal, também está em “Batman vs. Superman: a Origem da Justiça, como a mãe de Bruce Wayne), “Boneco do Mal” realiza a fusão com outro filão do gênero, sobre serial killers com traumas de infância.
 
O principal da trama está depositado, porém, no boneco maligno, como o título em português já antecipa. Aliás, o nome original é “The Boy” (“Garoto”, apenas), que faz mais sentido com toda a história e algumas das leituras que podemos extrair do filme de Willian Brent Bell, especialista em fitas de terror.
 
Um dos aspectos que chamam a atenção é a relação criada com o passado da babá vivida por Lauren. Ela aceita um emprego na Inglaterra por estar fugindo do ex-marido, que não aceita a separação. Por ter perdido um bebê, a maneira como ela se envolve com o boneco é aceitável, criando uma “substituição”.
 
É justamente essa a palavra que define o filme, que também poderia se chamar “A Substituta”. À medida que conhecemos os trágicos acontecimentos ocorridos na mansão – que, como não poderia deixar de ser, é isolada e habitada por pessoas estranhas – entendemos as razões de ela estar lá.
 
Desejo
 
Há um laço materno que é bem costurado na trama e que está lado a lado com outro aspecto: a sexualidade latente, que cresce progressivamente, partindo do voyeurismo (o sumiço da roupa ao se tomar banho), passando pela tentativa de um vizinho de ficar com a babá do boneco, até chegar na revelação final.
 
O curioso é que o único personagem mulher com quem a babá se relaciona é uma amiga americana, que só conhecemos pela voz ao telefone. Tudo o mais evoca essa energia masculina reprimida. Abordagem que era muito comum na produção dos anos 80, mas sem fazer das mulheres culpadas por despertar o desejo sexual.

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