Filme celebra um dos maiores defensores do cinema brasileiro

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/09/2017 às 18:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:36
 (RÔMULO JURACY/DIVULGAÇÃO)

(RÔMULO JURACY/DIVULGAÇÃO)

 BRASÍLIA – Escritor, professor e crítico de cinema, Paulo Emílio Salles Gomes gostava mais do encontro do filme com o público e, pensando nisso, tomou uma atitude curiosa: a primeira edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizada em 1965, teve um júri oficial composto por nenhum entendido em cinema.

 “Eram professores, diplomatas e até políticos. Pessoas normais, sem nenhum contato direto com a área cinematográfica”, lembra Carlos Augusto Calil, produtor do curta-metragem “Festejo Muito Pessoal”, homenagem ao teórico de cinema, assinada por Carlos Adriano, exibida na abertura da 50ª edição do Festival de Brasília, na noite de sexta-feira.

 A celebração deu o tom da solenidade de abertura, reverenciando nomes como o diretor Nelson Pereira dos Santos e Paulo Emílio, um dos fundadores do festival. O curta parte de um artigo do crítico de cinema, escrito em 1977 e publicado postumamente, na época de um grande evento relacionado aos 80 anos da cinematografia brasileira.

 “O texto é muito amargo, num contexto bem claro. Lembravam a exibição, a distribuição e a divulgação do cinema nacional, mas a questão da preservação não foi trazida à memória. Na época, a Cinemateca Brasileira (em São Paulo), que ele ajudou a criar, não estava estabilizada. Achava que tinha fracassado e, pouco tempo depois, faleceu”, registra Calil.

 O produtor, que também foi presidente da Embrafilme na década de 80, observa que o texto reúne “fragmentos de filmes, pedaços de memória”, resultando numa espécie de vertigem. Algumas dessas cenas são exibidas no curta de Carlos Adriano, que mesclou a textos do escritor Mario de Andrade.

 “Paulo Emílio era mais ligado a outro Andrade, o Oswald, de quem era praticamente uma sombra quando jovem. Mas Paulo e Mario eram dois nacionalistas, quando se podia dizer assim sem ser um palavrão. Eles enxergavam nas manifestações do Brasil profundo a base da cultura brasileira”, destaca Calil.

 (*) O repórter viajou a convite da organização do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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