Filme codirigido por Christiane Torloni terá hoje sessão com presença da atriz

Paulo Henrique Silva
09/05/2019 às 09:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:34
 (Divulgação/ Marcelo Faustini )

(Divulgação/ Marcelo Faustini )

Ontem, no Rio de Janeiro. Hoje, em Belo Horizonte. Amanhã, em Curitiba. A atriz Christiane Torloni faz questão deste “corpo a corpo” com o público, apesar do desgaste em aeroportos, para viajar pelas capitais e divulgar o lançamento do documentário “Amazônia – O Despertar da Florestania”, que ela codirigiu com Miguel Przewodowski.

“O filme será lançado em VOD (video on demand) no segundo semestre, mas gosto deste corpo a corpo. Minha peça ‘Master Class’ está em temporada no Norte e Nordeste e sempre promovemos um debate, uma vez por semana, aos sábados. Receber este abraço do público é algo incrível e insubstituível”, registra Torloni, em entrevista ao Hoje em Dia.

Defensora do meio ambiente há mais de quatro décadas, tendo liderado um abaixo-assinado que angariou mais de um milhão de assinaturas para sensibilizar o Congresso Nacional quanto à necessidade de preservação da floresta, dentro do projeto “Amazônia para Sempre”, em 2010, Torloni se vê, como artista, no papel de “tentar equilibrar as forças”.

Conexão
Sendo, como frisa, uma atriz de arte popular, que há anos entra na casa das pessoas via TV, a estreia na direção resulta num filme, acima de tudo, afetivo. “É por isso que quis estreá-lo em BH. Poderia ser qualquer outro lugar, mas quis que fosse aí, por saber que encontraria esse amor”, diz Torloni, ressaltando o fato de que todas as peças dela passam pela cidade. “Existe uma conexão comigo e com o meu trabalho”. 

Este lugar afetivo é, para a atriz, a ferramenta mais importante do filme. “O que quero com o filme é trazer uma reflexão, de que chegamos neste ponto e não dá mais. Ficamos anos brigando em torno de uma bipolaridade, que provocou tanto divórcio, entre amigos e parentes, e a quem isso serviu? A sociedade tem que voltar ao tabuleiro, tem que voltar a jogar”, assinala.

Com as polêmicas criadas pelo atual governo em torno da questão ambiental, Torloni acredita que não teria em mãos um filme diferente se ele fosse produzido agora. “Talvez apenas acrescentaria as imagens (da tragédia) de Brumadinho. Nada mais atual do que a cena final do filme, com a manifestação da demarcação das terras indígenas, em 2013”, observa.

Frustração
Quando estava montando o filme, ela acompanhou o movimento contra o aumento das tarifas de ônibus, em 2015. “Foi o último movimento de massa que ocorreu e a frustração foi a mesma de quando participei das Diretas Já, em 1984. Parecia um filme saudosista”, afirma Torloni, que recorre a várias imagens pessoais de sua trajetória pela defesa do meio ambiente.

“Desde muito nova eu estava inserida neste meio. Na faculdade, eu participava de movimentos estudantis. As pessoas geralmente só conhecem o seu trabalho como ator, que ocupa um certo tamanho na biografia. Foi bonito fazer parte dessa história no Brasil, que acaba também sendo a minha própria. Acabamos tecendo uma renda social, histórica e muito afetiva”, avalia.

As cenas dos créditos finais, em que ela surge apertando as mãos de vários de seus entrevistados, como a jornalista Miriam Leitão, o artista plástico Frans Krajcberg e o sociólogo Sérgio Abranches, é muito significativa neste cruzamento entre os universos macro e micro. “Fiz questão de assinalar estes encontros, porque eles estiveram presentes nestes 40 anos de luta”.

SERVIÇO
“Amazônia – O Despertar da Florestania” – Sessão de hoje, às 19h, no Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1581), terá a presença dos diretores

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