Filme 'Fevereiros' mostra riqueza cultural na convivência de religiosidades diferentes

Paulo Henrique Silva
03/02/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:21
 (GLOBO FILMES/DIVULGAÇÃO)

(GLOBO FILMES/DIVULGAÇÃO)

O mês de fevereiro ganha as cores verde e amarela nas telas de cinema, com o lançamento de 13 longas-metragens nacionais. Boa parte deles buscando se desviar dos blockbusters e dos ganhadores do Oscar que dominarão as salas a partir de março. Curiosamente, o primeiro a chegar leva o nome de “Fevereiros”.

Assinado por Marcio Debellian, o documentário tem Maria Bethânia como personagem central das manifestações carnavalescas e religiosas que ocorrem em fevereiro. “Para além da questão do mês, este é um momento de um Brasil que convive com a diferença, tolerante”, observa Debellian.

O filme exibe a Bahia como o centro destes laços de harmonia, na mescla entre catolicismo e religiões de matrizes africana e indígena. Maria Bethânia seria o exemplo deste sincretismo, presente em sua música e história de vida. Mas, como o realizador deixa claro, não se trata de mais um filme sobre a irmã de Caetano Veloso.

“É sobre o Brasil, sobre algumas questões ligadas à religiosidade, à fé, à miscigenação e à potência e originalidade que existe nisso”, registra. Se há elementos críticos, eles são bem sutis. Um pai de santo negro, por exemplo, frisa que Nossa Senhora “é a nossa mãe também”.

Rio de Janeiro

Além de Santo Amaro, terra da família Veloso, onde Maria Bethânia participa de todos os festejos de fevereiro, o documentário mostra a influência do sincretismo no Rio de Janeiro, lugar em que o samba chegou a ser enquadrado na lei da vadiagem. “O filme passa pela vida de personagens que fazem parte do contexto histórico do samba”. 

Debellian ressalta que muitos deles lutaram pelas conquistas de direitos, embora hoje elas não pareçam tão garantidas assim. “Já há indícios de retomada da intolerância religiosa e do cerceamento do samba”, lamenta o diretor.

“Fevereiros” vem sendo exibido desde 2017 em festivais internacionais. “De lá para cá, a percepção das pessoas mudou muito. Antes, era um filme sobre a religiosidade brasileira, mas com o passar do tempo, acabou virando outra coisa, com o público mostrando-se preocupado com o país, como se essa pluralidade estivesse ameaçada”, pontua.

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por