Filme flagra luta de mães para a liberação da maconha medicinal

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
09/10/2014 às 08:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:32
 (3FilmGroup.tv)

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Uma das estreias desta quinta-feira (9) nos cinemas (confira roteiro), “Ilegal” é o terceiro documentário a abordar a questão da liberação da maconha – no caso específico, para fins medicinais. Os outros dois filmes – os brasileiros “Quebrando o Tabu”, de Fernando Grostein Andrade, conduzido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e “Cortina de Fumaça”, de Rodrigo Mac Niven –, por sua vez, colocam em xeque o que seriam os efeitos nocivos da cannabis sativa e abordam a questão da descriminalização.

“Ilegal” mostra como a droga pode ser usada para enfrentar doenças graves, substituindo remédios que até esta quinta se mostram pouco eficazes. É o caso da mineira Juliana Paolinelli, que usava uma bomba de morfina no abdômen para amenizar uma dor crônica após ter a medula óssea esmagada.

“Ela já não aguentava aquelas doses indo para o cérebro até descobrir que o canabidiol (componente da maconha) poderia amenizar suas dores”, registra o diretor Raphael Erichsen. O que era para ser uma solução, porém, virou uma grande dor de cabeça, por se tratar de um produto ilegal no país. Um dos depoimentos mais fortes do filme mostra uma mãe, Katiene Fischer, admitindo virar uma “traficante”, importando o produto clandestinamente, para amenizar o drama de sua filha, Anny Fischer, que sofre várias convulsões por dia devido a uma epilepsia rara, grave e sem cura. Com o caso amplamente divulgado pela mídia, ela se tornou um símbolo na luta para liberar a maconha para fins medicinais.

A batalha da garota foi acompanhada pelo jornalista Tarso Araujo, que resolveu encampá-la. O filme é fruto disso. “A diferença do nosso filme (em relação aos outros dois citados) é que buscamos conversar com um público que, inicialmente, não está interessado (no tema). Os outros falavam com quem já tinha aquilo em sua pauta”, compara Erichsen, que assina “Ilegal” ao lado de Araujo.

O forte preconceito, que leva muitos médicos a não quererem se envolver no assunto, apesar de saberem dos efeitos benéficos do canabidiol, era estampado na própria Katiene. “De família conservadora, ela via a maconha como um tabu antes de saber que poderia ajudar a própria filha”.

PRECONCEITO

Também estão sendo lançados curtas que se detêm sobre alguns personagens. Um deles, “Dor”, enfoca Juliana. “Esse filme caminha junto a ela para conseguir a autorização de importar o remédio”, assinala Erichsen. Outros 700 mil brasileiros poderiam usufruir da maconha medicinal para tratamentos diversos.

“O preconceito é tão grande que os cientistas não conseguem finalizar um estudo clínico. Não sabemos a dosagem necessária. A Katiene passou a usar como referência o que viu num vídeo do YouTube, sobre um menino dos Estados Unidos. Ela foi ministrando até descobrir a melhor dosagem para sua filha”, lamenta.

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