(CINEART/DIVULGAÇÃO)
Quando um dos personagens de “Shade – Entre Bruxas e Heróis”, filme servio-macedônio que estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas, agradece ao amigo por “ter ajudado a matar a bruxa”, a frase ganha outras camadas para além do que a narrativa singela, construída do ponto de vista infantil, aponta.
A bruxa, no caso, pode significar um doloroso processo de entendimento sobre estar no mundo, especialmente vindo de duas crianças que vivem problemas de motivações bem diferentes, com cada uma ajudando na progressão horizontal (ritmo) e vertical (densidade) do filme.
Uma motivação é de origem interna, quando Jovan se fecha ao prazer da descoberta de uma criança normal por ser portador de paralisia cerebral parcial, que limita seus movimentos. A outra tem ligação externa, relacionada ao ambiente familiar em que a colega Milica vive.
Enquanto Jovan caminha para substituir o super-herói que alimenta seus sonhos pela valorização do seu eu, com todos os defeitos e virtudes; Milica também precisa se desvincular da interpretação que criou para a separação dos pais, como vítimas de uma bruxa.
Sem fantasia
Os caminhos trilhados pelo filme são curiosos, abrindo mão de uma esperada entrada pelo universo da fantasia, quando se tiraria a divisão do que é real ou imaginário, para nos deixar sempre na posição de observadores, atentos ao que foi construído ao redor dos protagonistas.
Os pais não ocupam o lugar de geradores dos conflitos de seus filhos. “Shade” não busca, por exemplo, saber quem estaria certo ou errado na separação dos pais de Milica, apresentada como um fato normal na vida de muitos casais. Eles também não estão alheios ou incrédulos.
O melhor entendimento do que o filme propõe vem de Jovan. Quando instigado, cria-se nele o desejo de um esforço de exercitar algo que não existia para ele: a interação. Por isso se investe muito nas cenas de exercícios físicos do personagem, apontando para a necessidade de um exercício afetivo também.
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