Filme resgata trajetória de Alice Guy-Blaché, primeira cineasta do mundo

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
03/11/2020 às 07:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:56
 (ARTPLEX/DIVULGAÇÃO)

(ARTPLEX/DIVULGAÇÃO)

Alguns dos mais instigantes momentos de “Alice Guy-Blaché: A História Não Contada da Primeira Cineasta do Mundo”, documentário que entrará em cartaz nos próximos dias, é quando a realizadora Pamela Green ouve especialistas sobre a qualidade dos filmes desta pioneira francesa que, até bem tempo, não figurava nas enciclopédias de cinema.

Apesar de ter assinado sucessos na virada do século 20 e desenvolvido várias técnicas cinematográficas, durante as duas décadas seguintes, os filmes de Alice desapareceram – e com eles a sua história. A diretora sofreu um evidente apagamento, gerado por um machismo histórico. Todos os seus feitos foram transferidos a homens, de assistentes ao próprio marido.

Narrado e produzido por Jodie Foster, o documentário desmonta este apagamento com documentos de época, depoimentos, uma entrevista da própria Alice, além de seus trabalhos, que, após um grande esforço de arquivistas, foram sendo paulatinamente encontrados e valorizados. Assim ela é recolocada no mesmo lugar onde figuram os irmãos Lumiére, Charles Pathé e Léon Gaumont.

Léon, por sinal, foi quem deu a primeira oportunidade à obstinada garota, que entrou na Gaumont como secretária e, em pouco tempo, já dirigia os filmes da produtora. Ela foi à exibição privê do cinematógrafo, em março de 1895, e, encantada com o invento, criou as primeiras histórias ficcionais enquanto ainda se faziam documentários. Em 1896, já apresentava “A Fada do Repolho”, primeiro filme de não-ficção do mundo.

Depoimentos
Embora já tenha uma história forte para contar, Pamela enche o filme com depoimentos de pessoas que não estão ligadas a Alice, especialmente realizadoras americanas, para enfatizar o grau de apagamento que a francesa sofreu. Funciona bem no início, mas a recorrência revela apenas um artifício narrativo, como alternativa às imagens de arquivo. Se deixasse apenas Geena Davis, que fundou um grupo de pesquisas sobre preconceito de gênero na mídia, já teria sido suficiente.

Pamela Green também não consegue desenvolver como mesmo peso a prospecção histórica e a insistência em mostrar o périplo na busca por material e pessoas que conviveram com Alice. O resultado desta segunda parte nunca é satisfatório. Um ponto alto é a abertura do filme, após Alice dizer que, quando começou, Hollywood ainda não existia. Em seguida, vem um trabalho gráfico que parte de Hollywood até chegar os primórdios e atravessar o continente.

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