Filme retrata história do campeão mundial Eder Jofre

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
01/10/2018 às 17:35.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:44
 (IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO)

(IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO)

Osmar Prado lembra da impressionante cena em que Stallone soca carnes num frigorífico, em preparação para a luta climática do primeiro “Rocky” (1976), mas não se recorda de uma passagem, na continuação (“Rocky III”, de 1982), em que o treinador sofre uma parada cardiorrespiratória minutos antes de o protagonista subir no ringue.

A semelhança é grande com um das cenas de “Dez Segundos para Vencer”, em cartaz nos cinemas, primeiro filme de ficção brasileiro sobre o universo do boxe, enfocando o campeão mundial Eder Jofre – a história de Maguila também deverá ser levada, em breve, para a telona. “Já me falaram (dessa sequência), só que não me lembro. Preciso rever”, afirma.

Entre Mickey, o treinador de Rocky vivido por Burgess Meredith, e Kid, interpretado por Prado no filme dirigido por José Alvarenga, há a coincidência dos métodos, tão duros quanto a realidade pobre da família de Jofre na década de 1940, quando começa a lutar para ajudar no sustento de todos. O ator brasileiro conta que sua grande inspiração foi o seu pai.

“Não tinha referência alguma do Kid. Ele aparecia pouco. Só sabia que era um argentino que foi morar no Brás (bairro de São Paulo), assumir a academia de um irmão que faleceu. Eu fiz uma transferência a partir da memória afetiva de meu pai. Tive uma relação conflituosa com meu pai, assim como Kid e Eder. Vejo-me interpretando o meu pai”, registra.

“Ao ganhar o segundo título, falaram que o presidente queria as luvas. Ele respondeu que iriam para o pai, que tinha ficado com ele no ringue esses anos todos. O presidente era o Médici”


Carregando um leve sotaque, emprestado do português italianado da Mooca que remete ao próprio pai, ele criou um personagem encantador, que aparece em oposição ao filho, na busca de engrandecê-lo como lutador. “Eles só me colocaram no cartaz, frente a frente com o Daniel (de Oliveira) depois de perceberem que aquele pai foi levado para frente da trama”.

O resultado foi o Kikito de melhor ator no Festival de Gramado, em agosto. “Era o prêmio que me faltava. Já tinha recebido pelas minhas atuações no teatro e na TV. Fiz muito menos cinema do que poderia”, avalia o ator de 71 anos, citando a sua primeira aparição na tela grande, em “Absolutamente Certo” (1957), de Anselmo Duarte.

Ele lembra que tinha 13 anos quando Jofre se sagrou campeão pela primeira vez, no peso galo, em 1960. “Ouvi a conquista dele pelo rádio, assim como a Copa do Mundo de 58. Todo garoto queria ser Pelé. Todo garoto ser o Eder Jofre”, recorda.

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