Filmes antigos em alta nos cinemas e nas locadoras

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
21/01/2015 às 07:50.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:44
 (MGM)

(MGM)

Élcio Antunes de Melo pode ser chamado de “Sr. Clássico”. Em Belo Horizonte, ele é a pessoa mais indicada para encontrar um daqueles filmes antigos e quase impossíveis de se achar uma cópia em DVD. Dono da BH Vídeo, aberta há 30 anos na galeria do Othon Palace Hotel, ele garante êxito nessa missão detetivesca: “Se existe no Brasil em cópia legal, eu acho para você”.
Pode parecer presunção ou jogada de marketing, mas a mostra de filmes em cartaz no Cine Humberto Mauro, até o dia 5 de fevereiro, dedicada a produções de 1939 – considerado um ano emblemático na história do cinema, quando foram lançados “E o Vento Levou”, “O Mágico de Oz” e “No Tempo das Diligências” – foi praticamente saída do acervo de Élcio, parceiro fiel do cinema do Palácio das Artes.
Mais do que isso, ele é a prova de que, sim, os clássicos (geralmente obras realizadas antes da década de 60) têm uma legião numerosa de fãs. As bem-sucedidas retrospectivas de Alfred Hitchcock, Howard Hawks e Stanley Kubrick também serviram para acabar com o preconceito de que, se é velho e em preto e branco, não há público.
“Os filmes de antigamente tinham dramaturgia, seguiam certo método”, observa o ator Elvécio Guimarães. Hoje com 81 anos, ainda guarda na memória as passagens pelo Cine Glória, na Afonso Pena, na década de 40, para ver faroestes. “O cinema educava a gente. Desde como se portar até mostrar grandes obras da literatura. Conhecíamos Shakespeare através do cinema”.
Com mais de mil filmes em seu acervo, a maioria clássicos, o colecionador Luiz Carlos Polizzi faz questão de frisar que não é especialista em cinema. “É uma questão de gosto, mais nada. Muitos daqueles filmes me trazem a nostalgia da época em que ia a cinemas como Metrópole, Brasil, Glória, Guarani... O centro de BH era cheio de salas. Os bairros também tinham”.
Élcio já foi visto com ressalvas até pelas distribuidoras de vídeo quando decidiu que iria trabalhar com aluguel e venda de filmes clássicos. Muitas locadoras preferem investir em produções americanas recentes e mais conhecidas por acharem que o retorno é certo. Não é bem assim. “Todo cachorro gosta de osso. Mas se você der filé mignon ele não irá comer?”, indaga.
O problema, segundo Élcio, é que o osso tem “uma jogada muito violenta por trás dele” para passar a ideia de que é um produto bom. Mas não são todos que caem nessa armadilha. “Belo Horizonte tem muita gente que gosta de filé mignon, pessoas inteligentes”, afirma. É nesse público que os donos de locadoras contam para sobreviver no mundo de piratas e downloads.
“As locadoras que sobraram no cinema não são mais locadoras, são especialistas em cinema. Evidentemente que cada um tem seu estilo. O que faço é ler a personalidade dele e indicar um filme que fará ele voltar aqui querendo mais”, avalia o proprietário da BH Vídeo, que critica as TVs por assinatura. “Dão a entender que têm de tudo”, alfineta.

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