Fim da Efic causa comoção em ex-alunos; projeto levava educação musical a pessoas de baixa renda

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
10/08/2020 às 18:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:15
 (Luciene Villani/Divulgação)

(Luciene Villani/Divulgação)

​Na última semana, a professora, musicista, regente e pedagoga Luciene Villani anunciou no Instagram que a Escola de Formação de Instrumentistas de Cordas (Efic) estava sendo encerrada no Sesiminas. “É dia de despedida (...) 33 anos de uma ‘jornada que é pura poesia’ (...) Infelizmente, como muitos outros, o projeto não sobreviveu a esse momento difícil que passamos”, escreveu ela, gerando comoção a alunos e professores que fizeram parte dessa história.

Uma dessas pessoas formadas na Efic e que lamentou o fim das atividades do grupo é a violinista Barbara Domingos, hoje integrante da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. “Fui aluna da Efic durante dez anos, comecei meus estudos musicais lá em 2008 com a professora Luciene. Desde a postura básica de segurar um instrumento até o desenvolvimento de novas habilidades, tudo eu aprendi na Efic”, disse ela, que, mais tarde, em 2017, se graduou em Música pela Ufmg.

Barbara classificou o encerramento da Efic como “um choque muito grande”. “Tínhamos aula de instrumento, teoria, prática de orquestra e, quando possível, fazíamos intercâmbio cultural em cidades do Estado, tocando em cidades do interior e outros teatros. Nos era oferecido de forma gratuita. Foi realmente muito triste ver um projeto tão bonito ruir e acabar”, comentou.Luciene Villani/Divulgação

‘Uma escola completa’

Fundada no fim dos anos 80, a Efic se tornou a casa para alunos de baixa renda que, a partir dela, teriam a oportunidade de receber educação musical com práticas semanais em conjunto, formando assim a Orquestra Jovem Sesiminas.

“Como projeto social artístico, era uma escola completa. Tínhamos contato com vários tipos de arte”, comentou Guilherme Augusto Lopes de Souza, outro ex-aluno. “Os professores e maestros sempre incluíam repertório contemporâneo, para aproximar um pouco mais da nossa realidade, além do repertório clássico. Na minha avaliação, a Efic prestava o serviço de democratização da cultura de forma muito interessante e relevante. Ela influenciou muito meus estudos e me tornou essa pessoa que sou hoje”, completou ele, músico e professor de literatura.

Em contato com a reportagem, o Sesiminas divulgou a seguinte nota:

"O Serviço Social da Indústria de Minas Gerais (SESI-MG) encerrou as atividades da Escola de Formação de Instrumentistas de Cordas SESIMINAS (EFIC), em Belo Horizonte.Com a vigência da Medida Provisória 932, que determina a redução de 50% da alíquota de contribuição aos serviços sociais autônomos durante a pandemia da Covid-19, dentre eles o SESI, alguns projetos da entidade precisaram ser descontinuados.

Com a redução da receita da contribuição compulsória de empresas vinculadas à indústria, o SESI-MG direc ionou seus recursos para sua finalidade primordial, que é a educação de base. Na área da cultura, estão mantidos os convênios para a administração dos Centros Culturais SESIMINAS de Belo Horizonte, de Uberaba e de Ouro Preto, e do SESI Museu de Artes e Ofícios (SESI MAO)."

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