Fim do embargo é fundamental para Cuba, diz Leonardo Padura

Leida Reis
02/07/2015 às 20:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:44
 (Instagram / Brasileiroseditora)

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Vencedor do prêmio Príncipe de Astúrias deste ano, o escritor cubano Leonardo Padura comemora a abertura de relações entre os Estados Unidos e o seu país, mas faz questão de dizer que não sabe em quanto tempo possíveis efeitos benéficos chegarão ao povo cubano. Seus romances “O Homem que Amava os Cachorros” e “Hereges”, publicados no Brasil pela editora Boitempo, retratam as condições sociais de Cuba e de forma subliminar – nunca direta – tratam de política.   “Estou vendo algo que jamais imaginaria ver. Os presidentes Obama e Raúl Castro dão um exemplo ao mundo, pois reconhecendo suas diferenças, eles estabelecem relações, pondo fim ao embargo. O mundo precisa de diálogo”, afirmou o escritor.   Politicamente, diz, a tensão entre o país comunista e o país capitalista começa a baixar. E para um país que odiava o Tio Sam e vai erguer uma bandeira norte-americana em 15 dias, a nova realidade é fundamental.   Google e Netflix, conta o escritor que mora em Havana e é publicado na Espanha, sendo traduzido em 21 países, “já querem se instalar em Cuba”. Mas sem se colocar claramente contra ou a favor do regime que perpetuou o governo de Fidel Castro, Padura lembra as dicotomias afirmando que Cuba não é o paraíso como querem alguns nem o inferno como julgam outros. “Diria que é o purgatório”.   Antes do compromisso social de retratar a situação de seu povo, afirmou Padura, o autor precisa escrever bem. Sobre o quanto a situação política está nos personagens e cenários de suas obras, o escritor cubano afirmou que dentro de 40 anos quem ler os jornais de Cuba e os seus livros pensará que se trata de dois países distintos. Ele não é censurado porque envia seus textos diretamente ao editor espanhol, mas lembra que a imprensa cubana é porta-voz do regime e não mostra como de fato vivem os cubanos.   Nos anos 90, Padura era conhecido como autor de romances policiais e nunca saía de Cuba. Hoje, é um dos autores que mais convites recebe para festivais literários no mundo inteiro. Ao mesmo tempo em que se alegra com isso, por estar vivendo de literatura e poder dedicar até cinco anos a uma pesquisa para um novo romance, reclama da falta de tempo para escrever. “Por causa do prêmio fiquei quatro dias só dando entrevista. Mas atendo desde aos principais veículos do mundo até aquela revista pequena da periferia da Colômbia porque um dia eu também comecei assim”, diz.   Ao meio-dia de domingo, último dia da Flip, Leonardo Padura participa da mesa “De Frente para o Crime”, com Sophie Hannah, poeta e romancista inglesa.

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