Fim do Mamonas Assassinas, há 25 anos, marcou declínio das músicas bem-humoradas

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/03/2021 às 21:00.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:25
 (RICARDO CORREA/DIVUGAÇÃO)

(RICARDO CORREA/DIVUGAÇÃO)

Com o choque do avião que transportava o grupo Mamonas Assassinas, em 2 de março de 1996, jogou-se também uma pá de cal numa bem-sucedida dobradinha criada durante a explosão do BRock, na década anterior, em que humor e música ditaram carreiras como a de Ultraje a Rigor, Blitz, Absyntho, Magazine e Raimundos.

“Tinha muita coisa divertida naquela época, como aquelas letras de duplo sentido, a vontade de tirar um sarro e as distorções na guitarra. Era tudo muito alegre. Pena que, depois, ficou um pouco esquecido”, lamenta o cantor e compositor mineiro Landau, criador do espetáculo “Rock + Humor” ao lado da noiva e atriz Gabi Roncatti.

Irmão de Rogério Flausino, vocalista da banda Jota Quest, e de Wilson Sideral, ele deve parte da irreverência musical aos grupos oitentistas, mas confessa que o humor foi herdado da família, especialmente do olhar sempre divertido do avô Dé Flausino, um caminhoneiro de transportava móveis e que fazia paródia de tudo o que tocava no rádio.DIVULGAÇÃO / N/A

Cantor mineiro Landau criou o espetáculo "Rock + Humor" ao lado da noiva Gabi Roncatti

“Convivi muito com ele. Era uma figura engraçada. Ele fazia serenata com minha avó na cidade (Alfenas, no Sul de Minas Gerais). Cresci ouvindo as versões divertidas de músicas que eram trágicas, como as de Odair José e Amado Batista. Achava aquilo a coisa mais legal do mundo e grande parte do meu universo vem daí”, recorda.

Autor da música-tema do “Lata Velha”, do programa “Caldeirão do Hulk”, Landau diz ver humor até em clássicos rurais e no material do Clube da Esquina. “Tem o ‘Manuel, o Audaz’, do Toninho Horta, criado a partir da história de um jipe que amarelou e não aguentou subir uma serra durante as viagens do pessoal do Clube da Esquina”, observa.

Cruzamentos
Em seu show, além de contar com participação especial de Sylvinho Blau-Blau, ele cria inusitados cruzamentos, como o AC de Zé, que junta a banda de heavy metal AC/DZé com Zé Ramalho, e Alceu Floyd, parceria fictícia entre Alceu Valença e Pink Floyd. Não há frases de duplo sentido, até porque, como o artista alerta, “é preciso tomar cuidado com tudo o que fala”.

Para Landau, o humor entra na música para quebrar barreiras. Em São Paulo, onde mora há 18 anos, encontrou o apoio que precisava. “São pessoas mais parecidas comigo, que querem as mesmas coisas. Queria fugir das comparações. Não que isso me incomodasse, mas achei a minha turma e fiquei próximo dos meus ídolos, que são o Zeca Baleiro, o Zé Geraldo e o Eduardo Araújo”.

O humor, explica Landau, surge nas letras quase sem querer, como resultado de um pensamento positivo. “Na maioria das vezes, o sorriso acaba aparecendo. Ele é o nosso refúgio, ainda mais nos dias de hoje. O sorriso é o alicerce para a certeza de que um dia vai passar e tudo ficará melhor”, assinala o artista, que acaba de para lançar o décimo álbum de carreira. Todo ele, como faz questão de frisar, “para cima”.

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