O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH) empossou novas cabeças-pensantes: o quarteto condutor da edição 2012, (Marcelo Bones, Grace Passô, Yara de Novaes e Valmir Santos) deixa a coordenação/curadoria e abre lugares a um trio, composto por Cássio Pinheiro, Jefferson da Fonseca Coutinho e Geraldo Peninha. A Fundação Municipal de Cultura ainda não divulgou a mudança, mas os novos dirigentes do mais aguardado evento de artes cênicas da cidade já se movimentariam. Pesquisam espetáculos e se apresentam em nome do FIT noutros festivais.
Cássio, Jefferson e Peninha são profissionais conhecidos no meio teatral da cidade. "São profissionais com no mínimo 25 anos de carreira e atuação relevantes dentro do cenários das artes cênicas local e nacional", segunda a assessoria da Fundação. Além de diretor e produtor, o novo coordenador-geral do FIT, Cássio Pinheiro, gerenciou o Teatro da Praça e presta serviços à direção atual da Fundação como assessor especial da Presidência. Já Peninha e Jefferson são atores. O segundo, além de jornalista, também atua como professor de cinema e teatro. Os três encabeçam o esforço de erguer a próxima edição do festival.
Para articular uma proposta do porte do FIT é necessário se preparar com bastante antecedência. Viajar dentro e fora do Brasil, estruturar uma logística que dê conta das demandas de um evento de alcance internacional, um dos seis maiores do país. É o que a Fundação e os novos condutores carecem fazer. Embora as contas da 11ª edição não tenham sido fechadas.
Como o Hoje em Dia noticiou dia 12 de setembro, representantes de empresas credoras estiveram em reunião na Fundação em abril deste ano. Até hoje aguardam solução para o débito de R$ 1 milhão. Os gastos do FIT 2012 somaram R$ 6 milhões, um milhão a mais do que se previa, daí a dívida que fornecedores ainda reclamam.
Considerado um patrimônio social e artístico, e por isso protegido pela Lei n° 9517, de 31 de janeiro de 2008, o FIT não pertenceria "a nenhum partido ou mandato", disse Odilon Esteves, ator do grupo Luna Lunera.
"Num primeiro momento, acho que toda troca é benéfica, porque a tendência de uma coordenação deste gênero, por melhor que ela seja, é se repetir, é ser previsível", afirmou o diretor Wilson Oliveira. "Acho que estão preparados e capacitados para aceitarem a missão que aceitaram. Só louco aceitaria essa missão sem se saber preparado para tal. E não acho que seja o caso", acrescentou Odilon.
Nova edição em maio, driblando transtornos impostos pela Copa
Como Cássio Pinheiro e Jefferson da Fonseca se negaram a falar, a reportagem enviou perguntas à Fundação. Cássio respondeu. "Desde o início do ano, a PBH está empenhada em manter a qualidade do festival construída até aqui e garantir a realização da edição comemorativa (de 20 anos) de 2014, com espetáculos e projetos especiais de formação e qualificação".
"Estamos em fase final de composição da Comissão Coordenadora do FIT 2014 e sua Curadoria, para elaborarmos a conceituação dessa nova edição e seu escopo de programação". Afirmou: "serão ouvidas as representações do setor teatral e a cidade em reuniões públicas".
Transparência
Como orçamento da nova edição, estariam previstos "R$ 4 milhões de recursos do tesouro municipal e a Fundação está iniciando o processo de captação via leis de incentivo". Sobre as dívidas da edição passada: "Estamos nos comportando com total transparência e responsabilidade com os recursos públicos, não somente no FIT como em todas as outras ações. O mesmo acontece com o procedimento de pagamento do saldo devedor gerado na gestão anterior da Fundação Municipal de Cultura. Esclarecemos que o processo de pagamento está em fase final e, portanto, a Fundação procederá ao pagamento do saldo do FIT 2012 de acordo com os ritos dos processos administrativos públicos. O atraso se deu devido ao fato de que há uma auditoria interna no processo".
Sobre as viagens dos curadores para apreciar espetáculos: "Estamos avaliando e em contato com a Rede de Festivais do Brasil, que mantém um programa de acompanhamento dos festivais em todo o Brasil para os programadores de outros festivais, tanto no âmbito nacional quanto internacional. Já visitamos, a convite da Rede de Festivais, os festivais internacionais de Brasília, Salvador, Londrina e Rio de Janeiro.
O próximo FIT ocorrerá em maio, e não em junho, como antes – certamente, para escapar à concorrência da Copa do Mundo no país – e a programação visual começa a ser esboçada. Haveria "empenho da nova gestão em possibilitar que o FIT deixe de ser eventual e passe a ser continuado (...) com ações nos anos que intercalam uma edição da outra".