FIT promove encontro entre programadores de festivais e artistas de Belo Horizonte

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
15/05/2014 às 07:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:35
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Rodadas de negócios costumam ser cheias de regras burocráticas, com inscrições dos interessados e tempo limitado para as conversas. Mas o encontro entre programadores de festivais cênicos e artistas de Belo Horizonte – promovido ontem pelo Festival Internacional de Teatro de Palco & Rua (FIT) – aconteceu de uma maneira bem mais informal.

Mesas foram colocadas no pátio ao lado do Teatro Francisco Nunes, com direito a café da manhã. Não havia restrições para os encontros. Quem tivesse interesse numa conversa, tinha apenas que pedir licença e sentar. Os bate-papos podiam render poucos minutos, como também ir além do processo de “compra e venda” de espetáculos.

Era a possibilidade de mostrar textos, fotos e vídeos para programadores brasileiros – de importantes festivais, como os de Londrina e Florianópolis, além de representantes do Sesc e da Virada Cultural de São Paulo – e curadores internacionais – de países como Argentina, Uruguai, Espanha, Cuba, França e Colômbia.

Brigitte Mounier, programadora do festival francês, estava entusiasmada com o volume de propostas interessantes durante o encontro de ontem. Ela ainda não havia assistido a nenhum espetáculo local, mas planejava ver nada menos que 12 em três dias. “Será difícil escolher algum para levar à França, são muitas opções. Não gosto de estar numa posição de mercado, dentro de um esquema de compra e venda de espetáculos, mas ainda não inventaram uma maneira mais eficiente do que a rodada de negócios”, afirma a artista.

Há dois anos, Brigitte esteve em BH para conhecer grupos mineiros. Foi quando soube do FIT e se encantou com o Pigmalião – companhia que levou para o Le Manifeste em junho do ano passado.

Por sinal, o grupo estava lá, conversando novamente com Brigitte e com outros curadores internacionais. “Acabamos de saber que em Cuba tem um festival internacional de teatro de bonecos para adultos. Vamos tentar entrar em contato”, diz Igor Godinho, integrante do Pigmalião. Ele adianta ainda que “Quadro de Todos Juntos”, um desdobramento de “O Quadro de uma Família” (cena curta em cartaz no FIT) deve estrear em setembro.

Artistas alegram passageiros durante viagens do metrô

Ana Flávia, 8 anos, era só sorrisos quando um palhaço veio e beijou-lhe as mãos. Sorrisos, por sinal, era o que mais se via quando o grupo de artistas independentes adentrou os vagões do metrô para divulgar o Festival Internacional de Teatro Palco & Rua (FIT), que segue até o próximo dia 25.

A fisionomia dos passageiros logo mudava com a presença da trupe que, além dos sorrisos, conquistou também a simpatia das pessoas – inclusive dos funcionários da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), que administra o metrô da capital.

Flávio Portugal, 58 anos, é carioca e trabalha na CBTU, em BH, há pouco mais de um ano. Segundo Flávio, “o povo anda meio duro”, e intervenções como essas, dos palhaços, “muda a fisionomia dos passageiros”.

Roberto Carlos, 75, vendedor ambulante, estava em um dos vagões e também aderiu ao clima de alegria. “Muito bacana. Eu quero é rir, e não chorar. Quanto mais risada melhor”, divertia-se.

Entre um vagão e outro, o grupo (nove, ao total) convidava todos a acompanhar as peças do FIT, dentro do projeto “Porta a Porta”, que visa divulgar o evento em todas as regiões da capital mineira. Hoje, o grupo atua nas regionais Noroeste e Pampulha.

A empreitada parece já estar colhendo frutos. Juliana Rosário, 28, é auxiliar de serviços gerais e foi contagiada pelos artistas. “Foi ótimo! Dá alegria ‘pra’ quem está voltando do trabalho”. Mesma opinião de Joel Luiz, segurança, 63, feliz da vida por presenciar a intervenção artística. “Chique demais”, disse.

Entre olhares curiosos dos passageiros, os artistas acabavam sempre aplaudidos, garantindo o sucesso da empreitada. Para o palhaço Francisco, 69, sendo 40 destes na profissão e pela primeira vez no FIT, atuar nos trens urbanos é uma ótima oportunidade. “Metrô é legal, as pessoas passam (por lá) o tempo todo, dá para fazer atuações breves, e as pessoas gostam”, concluiu.

Colaborou Fernando Dutra/Especial para o Hoje em Dia.

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