(Júlio Toledo)
Os ipês sempre estiveram na mira das lentes do fotógrafo belo-horizontino Júlio Toledo. Mas foi há cerca de sete anos que um episódio despertou o insight que reverbera na instalação audiovisual que ele desnuda aos olhos do público a partir deste domingo (15), no segundo andar do Prédio Verde na Praça da Liberdade: “Sinfonia para uma Cidade-Jardim”.
“Perdi a floração de um ipê o qual acompanhava, e, frustrado, perguntei a um porteiro (das cercanias) como tinha sido”, relembra. Para sua surpresa, o interlocutor perguntou: “Que ipê?”. “Percebi, então, que muitas pessoas não veem a cidade em que moram”, diz. Foi o mote para Toledo passar a fotografar a árvore associada à arquitetura da capital mineira – de preferência, edificações que compõem o patrimônio histórico. “O que é conhecido como paisagem cultural, ou seja, a natureza somada ao que foi construído pelo homem”. Incitado, Toledo passou a procurar mais e mais cenas. E formou um acervo considerável.
O primeiro destino das fotografias foi a ilustração de uma agenda e, na sequência, de uma caixa com cartões-postais. Iniciativas que lhe renderam um prêmio dos mais disputados: o Gentileza Urbana, criado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, em 2010. No caso, Júlio foi agraciado por incentivar um hábito um tanto quanto em desuso em tempos de redes sociais: o da escrita em cartões. “Mas não parei aí, continuei fotografando, incorporando outras árvores que via pela cidade, como o jacarandá-mimoso”.
Em um crescendo, várias pessoas começaram a indicar, a Júlio, árvores dignas de serem registradas, convites assentidos prontamente. Agora, a proposta para a instalação que, coincidentemente, entra em cena em plena Copa do Mundo. Sim, foi coincidência. “É a época da floração dos ipês, ou seja, acabou ficando a copa (das árvores) dentro da Copa”, brinca o moço. A exposição consiste na projeção de fotos e de vídeos em quatro grandes telas dispostas numa sala escura.