FOLK - Gênero espraia suas referências também no modo de se vestir e até no décor

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
14/09/2015 às 07:37.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:44
 (LUIZ COSTA)

(LUIZ COSTA)

Simplicidade, liberdade... e um olhar voltado às raízes. Essas são bandeiras levantadas pelo folk, gênero que, a exemplo de outros países, também vem ganhando tônus por aqui – entre os mais conhecidos signatários, estão: Malu Magalhães, Vanguart, Clarice Falcão e Suricato.   Na capital mineira, o gênero encontrou terreno fértil: tanto que, em apenas um ano e meio, já abrigou dez edições do “BH Folk”. “Surgiu como um pretexto para unir as pessoas e festejar os valores que defendemos. Hoje, já é bem procurado pelos músicos do estado”, comemora o músico e idealizador Lucas Rinor, 32 anos.   O festival acontece em casas noturnas, como CCCP e Taberna Mundo Mico, mas a meta de Rinor é estender a iniciativa ao interior do estado. “Temos muitos artistas folk em Minas. Queremos agregar essa galera e, ainda, receber bandas de fora, para um intercâmbio”.   Para ele, a simplicidade é a palavra-chave para definir o gênero, que também pode ser visto como estilo de vida. “Tem a ver com a busca pela essência. Dentro disso o folk abarca vários subgêneros”.   Acompanhando este raciocínio, um olhar às raízes da música brasileira mostra que ela se concentra nas modas de viola, violas caipiras e repentistas. “Renato Teixeira, Almir Sater e outros são folk, pois têm ligações com suas raízes e um distanciamento da correria da cidade. Na Europa, há o resgate de músicas tradicionais, como a celta”, exemplifica.   Nos Parques   Com apenas um violão, gaita, caixa de som e um banquinho, o mineiro Rogério Soares, o “Trinta Acústico”, lançou, este ano, um CD com versões folk para músicas de diversos estilos. Inspirado por nomes como Bob Dylan, Eddie Vedder e Neil Young, Trinta sempre teve as apresentações em praças como sua meca. “Só parei porque, ano passado, a Prefeitura proibiu a apresentação em praças com caixa de som”, lamenta ele, que quer levar esse projeto ao interior do Estado. “Será o ‘Folk na Estrada’”, adianta.   Recentemente o músico esteve em Nova Iorque, onde se apresentou em locais como o metrô, o Central Park e a Times Square. “No geral, o público é muito receptivo aos músicos de rua”.   Trinta pondera que o folk está ligado a um formato mais enxuto. “São melodias simples com uma letra marcante”. Geralmente, falam de amor, mas também podem assumir discursos politizados.   Para o paulista Phillip Long, a essência do gênero está em uma palavra: verdade   Ícone do folk made in Brasil, o paulista Phillip Long frisa: “A essência do gênero é a verdade. Temos um compromisso com ela, cantamos aquilo que nos cerca”. Nascida em Cuiabá, a banda Vanguart, outro expoente do folk tupiniquim, lembra que em 2002, quando despontou, havia poucos grupos por aqui dedicados ao estilo.   “À época, o rock era bem mais expressivo. Subimos ao palco só com violão, sem guitarra. Foi corajoso e deu certo”, diz o vocalista Hélio Flanders, acrescentado que sim, há uma cena forte no Brasil, “ainda que um pouco dispersa”. Mas isso, lembra, tem mudado.   Vale dizer que, no seu mais recente disco, “Muito Mais Que o Amor”, o Vanguart se apresenta menos melancólico (uma das características do folk). “Cantar aquela melancolia era meio que uma zona de conforto. Nos propomos a fazer um som honesto com letras mais leves”.       Concurso   Formado pela compositora Samille Joker e o produtor Rique Azevedo, ambos paulistas, o duo Little Nation chegou à semifinal de um concurso nos EUA, o Unsigned Only, voltado a artistas independentes.   Com o EP “Just Stay”, a dupla já contabiliza mais de 10 mil views de seus vídeos no YouTube.
  Valentina Piras/divulgação   LITTLE NATION – A dupla tem angariado milhares de views com seus vídeos no YouTube     Franjas em profusão e chapéus compõem o ‘look folk’   Engana-se quem pensa que o folk se limita ao universo musical. O conceito inspira também a moda, o cinema e até a decoração. Indo de encontro ao espírito livre do movimento, não há muitas regras.   Na decoração, por exemplo, sites especializados apontam móveis rústicos, trabalhos artesanais e referências hippies e étnicas como elementos que criam um visual colorido, harmônico e com a proposta folk, que seria a mistura de histórias e lembranças.   Já no universo da moda, a ligação com a natureza e a liberdade são influenciados pelo country e a estética indígena. Franjas, estampas coloridas e chapéus são alguns elementos que compõem o “look folk”. “É uma reunião de peças com referências étnicas que se aproxima do universo hippie, pela utilização de materiais naturais”, comenta a consultora de moda Juliana Passarelli.   Segundo ela, o estilo está em alta desde o final do ano passado. “Ele esteve presente em muitos desfiles do São Paulo Fashion Week. E lojas de departamento conhecidas do grande público trazem o estilo folk em suas coleções este ano”, afirma. Quem busca por um estilo despojado e confortável, o folk é, pois, aposta certa.   No cinema   Por último, mas não menos importante: o conceito folk também rege a sétima arte. Em 2013, por exemplo, os irmãos Coen contaram, em “Balada de Um Homem Comum”, a história de um músico folk nos night clubs de Nova York no início dos anos 60 – quando o gênero ainda não tinha estourado nas rádios.     Confira algumas músicas:     Trinta Acústico

 

Lucas Rinor

 

City and Colour

 

Vanguart

 

Suricato

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