(Dsney/Divulgação)
John Lasseter está fazendo muito bem a Disney. Diretor dos dois primeiros “Toy Story” e um dos fundadores da Pixar, produtora pioneira da animação digital, ele revolucionou conceitos na casa de Mickey Mouse, a começar por uma das pedras sagradas da empresa: as princesas.
Com “Frozen: Uma Aventura Congelante”, cartaz a partir desta sexta-feira (3) nos cinemas, dá continuidade a uma repaginada numa das principais fontes de receita da Disney (na forma de brinquedos, álbuns e marcas de produtos), com personagens mais antenadas com os novos tempos.
A mudança começou em “A Princesa e o Sapo” (2009), com uma integrante negra da realeza, e “Enrolados” (2010) e “Valente” (2012), que exibiram protagonistas corajosas, feministas, críticas do sistema e que não dependiam do beijo do príncipe encantado.
E não deixa de ser curioso que seja o acalentado beijo a síntese do perfil de Anna e de “Frozen”. Ele é novamente a esperança de salvação, mas no momento derradeiro é o sacrifício da irmã Elsa que dará outro rumo à trama baseada no conto “The Snow Queen”, do dinamarquês Hans Christian Andersen.
Sem vilão
A relação entre as irmãs é o tema central do filme, que fala sobre tolerância aos diferentes (Elsa pode congelar qualquer coisa), assumir responsabilidades e amor familiar. O maior avanço de Lasseter na seção de princesas da Disney está na confecção do vilão. Ou melhor, na falta dele.
Até quase o final de “Frozen” o Mal a ser enfrentado está no próprio interior dos personagens, ao não terem coragem de encarar seus medos, especialmente quando Elsa abandona o reino para viver reclusa na montanha, mudando radicalmente a temperatura da região.
E a narrativa se sustenta como um bom drama pessoal, recheado de aventura, humor e romance, embora com músicas demais – praticamente todos os personagens cantam no filme.
Nos minutos derradeiros, surge um vilão, mas com uma pegada realista, que se revela ganancioso.
Bobalhões
O amor também segue a cartilha das últimas produções da Disney: mulheres fortes e determinadas e homens apresentados como bobalhões.
Ao mesmo tempo, Lasseter não abre mão da tradição dos desenhos do estúdio, como a composição dos cenários e os personagens secundários (animais, objetos e outros seres) fofinhos e engraçados.
Dificilmente alguém deixará de se emocionar com o carente boneco de neve Olaf.