Gêmeos dos quadrinhos, Gabriel Bá e Fábio Moon participaram da abertura do FLI

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
26/06/2015 às 06:24.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:39
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Festejados nomes da cena HQ brasileira, os irmãos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá têm, nos braços, um novo rebento, o qual exibem com justificado orgulho. “Acabamos de publicar o livro ‘Dois Irmãos’ (Quadrinhos na Cia), que é uma adaptação da obra de Milton Hatoum”, conta Fábio, ao Hoje em Dia. Não por outro motivo, os paulistanos, atualmente contabilizando 39 anos de vida, tiveram seus nomes lembrados para a abertura do Festival Literário Internacional de Belo Horizonte, o Fli-BH, ocorrida ontem.


É que o amazonense Hatoum foi o escolhido para proferir a palestra de abertura, batizada com o nome do tema do evento, “Imagina o Mundo, Imagina a Cidade”. Com mediação de Maria Esther Maciel, a conferência, realizada à noite, contou com participação especial dos brothers, que, antes, aproveitaram para ministrar uma oficina.


Cara a cara


Não é a primeira vez que a dupla encara a responsabilidade de transpor uma publicação literária para a “nona arte” – antes, já tinham se debruçado sobre “O Alienista”, de Machado de Assis.


Bem, tampouco é novidade a participação dos meninos em eventos como o que os trazem agora à capital mineira – vale lembrar que, em 2013, eles participaram do time de brasileiros que participaram da Feira do Livro de Frankfurt, ano em que o país foi homenageado.


“Um dos diferenciais (da participação in loco de eventos do gênero) é não só apresentar o trabalho, mas falar sobre o processo. É importante para desmistificar algumas questões. Existe todo um pensamento por trás dos quadrinhos, como por exemplo a forma de trabalhar a palavra e a imagem. Quadrinho é mais do que saber desenhar, e falar sobre isso para o público é ótimo”, discorre Fábio, que também ressalta a oportunidade de dissipar eventuais dúvidas que o público leitor possa ter em relação ao trabalho dos dois – trabalho esse que ocupa duas décadas na biografia da dupla, período no qual publicaram clássicos como “Daytripper”.


Atualmente, os dois finalizam o quarto livro da série “Casanova”, publicada nos EUA.


FESTA DAS LETRAS NO PARQUE - A programação, gratuita, segue até domingo, com vários lançamentos (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)


Em tempo: em eventos do porte do Fli-BH, os dois aproveitam para colocar em dia a conversa com os colegas locais. E Bá e Moon esperam (muito) poder encontrar os irmãos Vitor e Lu Cafaggi. “Que não são gêmeos como nós (risos), mas também trabalham juntos. São o nosso porto seguro em BH. Todo mundo que conhecemos aqui, foi por intermédio deles”.


No primeiro dia, público infantil lotou os espaços


Muitas escolas visitaram os estandes das editoras


A escritora e contadora de histórias Rosana Mont’alverne viveu uma situação inusitada ontem, no Fli-BH: algumas crianças solicitaram seu autógrafo em livros que não eram de sua autoria. Mas a autora não se fez de rogada: “fiz com carinho, pois é um incentivo a elas. Ver as crianças circulando entre livros e saindo com exemplares embaixo dos braços é um sonho”.


Na verdade, Rosana levou dois títulos ao evento. Um deles, “Meu Pai é uma Figura”, esgotou nas duas primeiras horas do evento – o outro, “O Ovo Amarelinho da Galinha do Vizinho”, também fez sucesso.


“Nunca vi esse parque tão vivo e tão alegre. Estou feliz de a cidade acolher um festival com tanta diversidade. Temos escritores de todo o país e descobrir um livro novo é muita alegria. Só posso desejar que outras edições aconteçam”.


Entusiasmo


E se na página anterior falamos de gêmeos já consagrados (no universo das letras e traços), outros “vizinhos de útero” (ainda que não idênticos) também foram encontrados pela reportagem do Hoje em Dia ontem, no evento. João Victor e André Vinícius, dez anos, faziam parte da galera que cercava Rosana, com ouvidos atentos às histórias e ansiosos pelo momento do bate-papo.


“Foi muito bom ter vindo, conhecemos novas histórias e podemos conversar com os autores. Adoro livros e quero voltar”, comentou João, que pretende ser ilustrador. “Gosto de desenhar. E quero fazer isso para colocar em livros. Ajudar a contar uma história”. Já o irmão André quer ser escritor. “Vai ser ótimo ter um irmão ilustrador. Esse festival só me deu mais vontade de escrever. Estimula nossa criatividade e nossa curiosidade. É ótimo”, disse, entusiasmado.


Para somar


Representando outra geração, o auxiliar de biblioteca Paulo Henrique Vieira, 35 anos, se declarou feliz por ver BH inserida no calendário de eventos literários. “A Fli só vem para somar. É uma oportunidade de comprar livros a preços mais baixos e conhecer os autores. Essa interação é estimulante. Com certeza voltarei nos próximos dias do evento”, garantiu.


“Ler em família”


A programação dessa sexta-feira (26) terá início às 8h30, com a premiada Marilda Castanha. Às 10h, a Fundação Municipal de Cultura promove no Teatro Francisco Nunes, a assinatura do convênio do Projeto “Ler em Família”, celebrado junto ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente. O projeto visa promover a leitura, estimular, aprimorar, ampliar e fortalecer o atendimento à primeira infância e seus familiares.


O livro “Dois Irmãos”, de Milton Hatoum, foi lançado há 15 anos, e conta a história de dois irmãos libaneses
 

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