Gênero musical 'inaugurado' por Donga, em 1917, é o personagem principal do espetáculo 'SamBRA'

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
29/05/2015 às 08:31.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:15
 (Divulgação)

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O samba nasceu no início do século 20 – seu marco seria a gravação de “Pelo Telefone”, de Donga, em 1917. Mas as celebrações do centenário do mais popular gênero musical no Brasil começam ainda este ano – especialmente com o musical “SamBRA”, que chega ao Palácio das Artes neste fim de semana, após bem-sucedidas temporadas em Rio de Janeiro e São Paulo.

Tendo Diogo Nogueira como principal nome do elenco, o espetáculo conta a história do samba por meio de suas diversas fases: o nascimento em um terreiro carioca, a boemia, o teatro de revista, a politização dos anos 60, os desfiles das escolas do Carnaval do Rio, o pagode descendente das rodas de Cacique de Ramos.

O roteiro inclui mais de 70 canções, de compositores e cantores ícones como Pixinguinha, Carmen Miranda, Cartola, Clara Nunes, Paulo Cesar Pinheiro, Noel Rosa, Chico Buarque, Martinho da Vila e muitos outros.

O diretor Gustavo Gasparani fez questão de contratar pessoas que tivessem afinidade com o samba – como a atriz Beatriz Rabello, estrela de “Divina Elizeth” e filha de Paulinho da Viola. “Para fazer este espetáculo, era fundamental ter uma equipe que transmitisse verdade, tanto em termos de elenco quanto equipe”, afirma.

“SamBRA” no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537, Centro). Nesta sexta-feira (29) e sábado, às 21h. Plateia 1: R$ 140 e R$ 70 (meia); Plateia 2: R$ 120 e R$ 60; Plateia Superior: 188 lugares por R$ 100 e R$ 50 (meia) e 312 lugares por preço único de R$ 50

O projeto prevê diversas outras ações, como um livro, um site, uma web rádio e um ciclo de encontros

Entrevista Diogo Nogueira

Cantor ensaiava oito horas por dia e seis dias por semana com o elenco do musical sobre o samba

Quais os principais desafios de trabalhar em um musical?

Foi o desafio em si. Sair da minha rotina, onde tenho músicos, uma agenda a cumprir, e no qual fico sozinho no centro da cena, para poder compor uma engrenagem cheia de atores talentosos e de diferentes camadas criativas. É algo muito enriquecedor. Foram dois meses ensaiando, em média de oito horas por dia, seis dias por semana, aprendendo com cada etapa e movimento.

Como foi encarar o trabalho de ator pela primeira vez? Como foi sua preparação para essa nova função, tanto nos ensaios quanto em casa?

Já estou há quase uma década pisando nos palcos do mundo cantando samba. A música é o veículo e o passaporte que me permitiu entrar de cabeça no musical “SamBRA”. Sou cantor e intérprete, e como no musical o trabalho de ator tem a música como elemento central, fui ajustando, aprendendo a deixar o texto fluir através do coração e consegui ficar confortável nesse papel. Segui a disciplina, me entreguei, aprendi e estou contente com o resultado, não só meu, mas de todo o elenco maravilhoso, da produção e da direção. “SamBRA” é um lindo documento que emociona quem gosta de música.

Como é ver seu pai, João Nogueira, representado no espetáculo com a música “O Poder da Criação”? Como é ser um jovem cantor que conviveu e convive com protagonistas dessa história do samba?

Muitos dos sambas de “SamBRA” ouço desde pequeno, e também são de alguns dos compositores e cantores que conheci ao longo da vida. Me sinto parte dessa história. Quando cantei pela primeira vez “O Poder da Criação” para uma plateia, no espetáculo, senti uma forte emoção, a voz embargou e logo entendi que independentemente de ser meu pai, aquela canção era um elo nessa corrente que é o samba. Quero poder fazer parte dela pelo resto da vida. É uma honra ser sambista, sou feliz por ter o samba nas veias.

Para você, por que o samba provoca tanto fascínio, mesmo após cem anos de história? Por que permanece como um ritmo popular a todas classes sociais?

O samba é mais que um ritmo, um estilo musical, é o espírito de uma nação, é a alma do brasileiro, é fruto da nossa mistura, das nossas crenças, é a nossa valsa, o nosso jazz. Esse espetáculo mostra isso, as pessoas sabem cantar quase que o repertório do show inteiro. São canções do imaginário popular, do inconsciente coletivo. Não tem diferença social, o samba é de todos e abraça a todos, e meu novo trabalho se chama “Porta-voz da Alegria”, o que poderia ser sinônimo de samba.

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