Gaúcho vence Prêmio Kindle de Literatura com romance sobre desistência

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
17/01/2018 às 17:02.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:48
 (Júlio Vilela/Divulgação)

(Júlio Vilela/Divulgação)

São Paulo – Um livro de despedida que se transformou em um livro de um recomeço. Assim pode ser resumida a história por trás de “Memorial do Desterro”, obra do escritor gaúcho Mauro Maciel, que venceu ontem a 2ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, em cerimônia realizada na capital paulista.

Lançada inicialmente de forma independente, através da ferramenta de auto-publicação da Amazon, o Kindle Direct Publishing (KDP) – um requisito para que a obra fosse elegível à premiação–a produção, que deve ser lançada em formato impresso no início do segundo semestre, seria o terceiro e último romance do autor, que se dedica à literatura desde 1988. “Sempre escrevi de forma muito solitária, às vezes sem ter alguém para apresentar. É difícil encontrar pessoas que acreditem na gente”, lembrou o autor, emocionado, ao receber o prêmio. 

A vontade de desistir veio dos percalços da vida de autor. “Às vezes publicamos um livro e não temos o retorno que a gente espera. Então vamos desanimando”. Mas nessa que seria sua última obra, Maciel decidiu colocar um pouco de si, opção que ele acredita ter feito com que as pessoas gostassem da produção. “Foi uma coisa verdadeira”, diz. “Decidi escrever um romance sobre um escritor que se declarava desistente, mas as situações o levam a voltar a escrever”. 

“Memórias do Desterro” acompanha a história de um escritor que se vê de volta à sua cidade natal, após a morte de seu inquilino e recebe a tarefa de escrever as memórias do falecido. Mas as circunstâncias levam o escritor, que ganha a companhia de um investigador, para em uma aventura em alto-mar em um modesto barco à vela.

Se a arte imita à vida, no caso de Maciel ela não apenas a mimetizou como também ditou seus rumos. “O prêmio me fez repensar. Acho que agora, com todo esse carinho, não devo parar de escrever”, diz. A obra também trouxe à tona outras produções do escritor. “O livro é uma colcha de retalhos. Fui buscando na minha memória situações e acrescentando. Resolvi colocar alguns poeminhas que tinha guardado na gaveta e deu certo”, destaca Maciel.

Prêmio 

Em sua segunda edição no país, o prêmio –que acontece também em outros lugares do mundo– é uma parceria entre a Amazon e a Nova Fronteira, editora que publica a obra vencedora. Além da publicação, o autor vencedor recebe também R$ 30 mil.

Janaína Senna, editora de literatura nacional da Nova Fronteira destaca a iniciativa. “Revelar novos autores, bons autores, é sempre muito bom. Quando você faz um prêmio, você já sabe que terá um finalista e que ele vai ser publicado. Isso é muito interessante para a editora, porque ela terá um bom livro que já passou por uma triagem”, sublinha. 

Ela destaca ainda outras vantagens da premiação. “Você estimula a literatura, a produção de novos autores. Apesar de ser um prêmio mais abrangente, em que autores já consagrados também podem participar, mas o que a gente vê são os autores novos participando”, afirma.

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