Gabriel García Marquez ganha biografia em HQ

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
07/09/2014 às 09:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:06
 (Editora Veneta/Divulgação)

(Editora Veneta/Divulgação)

Na página 13, eis Aureliano Buendía, dando o ar da graça – em quadrinhos. E Macondo. E muito mais. “Gabo – Memórias de Uma Vida Mágica” (Editora Veneta, R$ 44,90) coloca em repasse a vida do escritor Gabriel García Marquez, morto em abril passado. Para início de conversa, a edição é um primor. Os desenhos levam a assinatura de quatro jovens artistas colombianos – Miguel Bustos, Felipe Camargo, Tatiana Córdoba e Julián Naranjo –, que trabalharam sobre o roteiro de Óscar Pantoja.    A obra é dividida em quatro partes, inteligentemente demarcadas por cores – laranja, azul, rosa e verde. Explica-se: em cada uma, o grupo trabalhou cores afins à principal, além do preto. O resultado é visualmente impactante, e convida à leitura.   O texto retrocede anos antes do nascimento do escritor – que, aliás, veio ao mundo com o cordão umbilical enrolado no pescoço, o que explicaria a claustrofobia da qual foi vítima a vida inteira. O leitor encontra, por exemplo, a explicação do motivo de o avó de Gabo, Nicolás, ter deixado sua cidade para se fixar em Aracataca.    Deixado pelos pais aos cuidados dos progenitores, Gabito teve uma infância curiosa: passava parte do tempo com as mulheres da casa, onde era submetido a sessões de histórias algo fantasiosas. Em contraste, os passeios com a avó o levavam a ter contato com a realidade.    Daí para frente, o texto avança e recua, pontuando momentos-baliza da vida do escritor, como, claro, a conquista do Prêmio Nobel de Literatura – na primeira vez em que a respeitada láurea foi entregue a um autor latino-americano.    Neste percurso, a obra se detém em pontos como as dificuldades financeiras, o que o obriga a vender inclusive os anéis de casamento. Ou, ainda, a perseguição sofrida no curso da repressão política na Colômbia. Há passagens bastante curiosas, como a ida de Gabriel García Marquez aos estúdios da Cinecittá. Na viagem à Europa, ele também conhece o campo de concentração de Auschwitz.    O final, porém, é reservado a um momento feliz: a entrega do Nobel em Estocolmo. Os desenhistas tiveram a feliz ideia de voltar ao início dentro do estilo realismo mágico. Com direito a emoção.

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