Gabriel Villela traz a BH sua adaptação para ‘A Tempestade’, de Shakespeare

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
27/11/2015 às 07:49.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:06
 (João Caldas)

(João Caldas)

Tempos atrás, houve, sim, o ensejo de montar “A Tempestade”, com o Grupo Galpão. “Mas acabamos por fazer ‘Gigantes da Montanha’, de Pirandello”, rememora Gabriel Villela, ao Hoje em Dia. Não que a ideia de encenar o clássico de Shakespeare tenha sido sepultada. Tanto que o consagrado diretor volta à sua terra natal agora a bordo do texto que tem, como personagem central, Próspero.
 
“Consegui juntar uma excelente trupe de atores liderada por Celso Frateschi, pois entendi que o momento do nosso país, do nosso mundo, é de muita selvageria, e o texto fala da grande capacidade do coração humano de perdoar, de substituir suas ações de barbárie e extrema violência pela compaixão, pelo perdão e pela misericórdia”, diz ele, que, juntamente à equipe citada, ocupa o palco do Cine Theatro Brasil Vallourec nesta sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 20h.
 
Água limpa, por favor
 
Valendo-se do título em português da comédia de Stanley Kramer, de 1963, Villela entende que “deu a louca no mundo”. “E após o acidente que provocou toda essa lama sobre o Rio Doce, é preciso cantar músicas que falem de água limpa como em ‘A Tempestade’”.
 
A peça, acrescenta, começou a ser montada em março, e quase todo o material em cena consiste em potes de barro. “Vasos d’água produzidos em Tiradentes, pois Babaya (que assina a direção musical) optou por uma trilha que cantasse nossos rios de água doce correndo de encontro a um mar de sal sem igual. O barro da criação soprado por Deus está em cena”, diz o diretor, que contabiliza outras quatro montagens de Shakespeare no currículo – além da célebre “Romeu e Julieta” (com o Galpão), “Sonho de Uma Noite de Verão” (com a Cia de Dança Palácio das Artes), “Macbeth” (com Marcello Antony e Claudio Fontana) e “Sua Incelença Ricardo III” (com o Clowns de Shakespeare).
 
Na montagem que chega a BH, o público que acompanha Villela poderá encontrar referências a outros espetáculos por ele assinados. Referências, segundo o próprio, “nada sutis”. “Homenageei o Galpão e o nosso ‘Romeu e Julieta’ com a intenção explícita de pontuar o amor que tenho pelo grupo e a importância que ele tem para o nosso país”, diz, carinhoso.
 
Mas Villela não economiza elogios também ao grupo que agora rege. “Craques do teatro paulista e brasileiro. A grande surpresa é que os atores, além de excelentes na voz falada, são formados em instrumentos como violino, violão, piano, acordeon e flauta transversal. E tocam em cena! Um luxo só”. A italiana Francesca Della Monica responde pela espacialização da voz dos atores.
 
Além da montagem em questão, Villela se prepara para estrear, ano que vem, um projeto (“lindo”) com (“a grande atriz”) Walderez de Barros, com quem fez “Hécuba”, de Eurípides. “Trata-se de um texto poético que fala metaforicamente dos rios nos quais temos de navegar – sem lama, claro!”, conclui.
 
“Voltar a BH é cumprir, de certa maneira, a frase shakespeariana que define bem o coração de um mineiro expatriado (moro em São Paulo): ‘Barro, este é teu centro, volta’”. (Gabriel Villela)
 
“A Tempestade” – Sexta e sábado às 21h, domingo, às 20h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça 7). Duração: 1h40 Classificação indicativa: 12 anos. Plateia 1: R$ 60 e R$ 30 (meia). Plateia 2: R$ 50 e R$ 25 (meia). Vendas: bilheteria do teatro e compreingressos.com. Informações: 3201- 5211 e teatroemmovimento.art.br.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por