Desmistificando o vinho francês, aproximando-o do brasileiro

Paulo Leonardo - Hoje em Dia
01/03/2015 às 15:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:11

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Patrick e Felipe são sócios da Mon Caviste – Vinhos Franceses Originais, loja especializada em importar vinhos de produtores pequenos no Pátio Savassi. Ou seja: é um produto praticamente exclusivo.
“O pequeno produtor francês, em geral, não se interessa muito por exportar seu vinho, já que a produção é pequena, e o trabalho e os custos para se conseguir uma empresa exportadora são grandes. Assim, nós vamos até eles. Procuramos produtores novos e pequenos, experimentamos seus vinhos e propomos uma parceria para representá-los aqui no Brasil”, conta Felipe Lins.
Não raramente, um produtor torce o nariz, desconfia, fica em dúvida. “Franceses e mineiros têm isto em comum: são desconfiados”, brinca Patrick.
Mas a tecnologia e algumas técnicas de marketing ajudam a convencer o produtor turrão. “Nós mostramos a eles fotos do Brasil, de festas em que os espumantes e vinhos franceses são consumidos. E quando estabelecemos a parceria, continuamos a enviar-lhes fotos dos produtos deles sendo bebidos em um evento, como uma recepção de casamento”, contou Felipe.
O trabalho da dupla inclui, também, apresentar o verdadeiro mundo do vinho francês para o brasileiro. “Alguns clientes costumam entrar aqui e já querem um vinho do jeito que eles estão acostumados. ‘Ah, eu gosto de Cabernet Sauvignon’, ou de ‘vinho amadeirado’ ou ‘seco’. Tentamos lhes mostrar as muitas nuances e características dos vinhos franceses, que variam muito dentro de uma mesma região, por exemplo. O brasileiro ainda está muito ligado à cultura dos varietais, por influência de Chile e Argentina, que foram influenciados pela Califórnia. É uma outra cultura e que pretendemos mudar”, diz Patrick.
Mon Caviste. Pátio Savassi. Fone: (31) 9803-2718.
Além disso
A história da Mon Caviste começou com Marie Bonnefond, experiente negociante e importadora de vinhos e espumantes. Já estabelecida nos mercados da Ásia e dos Estados Unidos, ela localizou o escritório de advocacia de Felipe Lins em 2010, para ajudá-la nos trâmites burocráticos para estabelecer uma empresa de importação de vinhos no Brasil. “O valor que propusemos não a agradou e ela recusou. Mas guardou nosso contato, pois viu que eu, independente do escritório, tinha interesse no negócio. E ela me voltou a procurar em 2011 e aí constituímos a empresa. Desde então, larguei a advocacia e passei a cuidar dessa paixão que adquiri quando fui estudar para o Mestrado em Direito na França, em 2008”, conta Felipe.
Em 2012, Marie veio da França, juntamente com Patrick, e participaram da Expovinis, em São Paulo. Foi o primeiro contato dos dois franceses, mãe e filho, com o público brasileiro, seus costumes e paladares em relação ao vinho. “Desde então, minha mãe passou a focar quase que exclusivamente no mercado brasileiro. A vida dela é praticamente procurar por produtores e estabelecer as parcerias. Mas é um desafio fazer isso aqui”, diz Patrick.
Para Felipe, o mercado brasileiro para o vinho francês está em ascensão. “De 2012 para cá, sentimos uma procura maior”, comentou o mineiro. O que ajuda é o trabalho de desmistificação do vinho francês. “Queremos acabar com essa história de que o vinho francês bom é o caro, e que se for barato, é ruim. Não funciona assim lá”, conta.

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