Nossa saudação à mandioca!

Eduardo Avelar - Hoje em Dia
04/10/2015 às 11:10.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:56
 (Eduardo Avelar/Hoje em Dia)

(Eduardo Avelar/Hoje em Dia)

A mandioca é uma planta nativa do Brasil, e um dos mais importantes produtos da nossa alimentação desde da colonização brasileira. Os índios que aqui habitavam já a utilizavam de várias maneiras, e esses costumes de transformações artesanais foram passados de geração para geração até os dias de hoje. A mandioca é certamente o produto mais popular brasileiro sendo cultivada em todas as regiões do país, e utilizada por todas as pessoas de todos os níveis sociais.

Casa de Farinhas

As farinhas e polvilhos são os subprodutos mais emblemáticos em todo o território nacional, mas aqui em Minas ganham um fermento especial, se tornando marcantes na identidade cultural gastronômica do Estado.

O Norte e Nordeste carregam a fama de estados que mais apreciam as farinhas e subprodutos da mandioca, mas nas alterosas, além de ter diversas regiões produtoras, dos mais diferentes tipos, tem na continuidade de sua utilização, muitas das principais receitas conhecidas no Brasil e exterior. O Feijão Tropeiro, o Tutu de Feijão e o Pão de queijo são apenas alguns desses ícones da culinária brasileira, se juntando a outros também muito representativos por aqui como os pirões, as farofas, os beijus, tapiocas e biscoitos, produtos que existem com fartura e diferentes características nas diversas regiões do Estado.

Farinhas e Polvilhos

Morro Alto, em Bocaiuva, é conhecida como a capital da farinha de mandioca, título contestado por outras regiões de Minas como Monte Alegre, que fica ao lado de Uberlândia. Só que as vizinhas Araxá e Perdizes entram na briga acompanhadas de Almenara e Salinas. Paraguaçu, que fica na região de Furnas, com suas farinhas de biju de milho, e outras cidades dos Vales do Mucuri, Doce e Jequitinhonha não se fazem de rogadas, reivindicando seus lugares neste disputado pódio. Enfim, é briga pra nenhum farofeiro amador dar “pitaco”.

Já os polvilhos, tem sua disputa agregada à produção dos pães de queijos, cuja capital mundial é reivindicada por Paracatu, contestada por Araxá, Serro, e tantos outros centros quitandeiros de excelência em Minas. E com eles vem os biscoitos de peta no Norte, polvilhos, fritos, puladores por toda parte, e os antigos e crocantes mandiopãs, aqueles deliciosos petiscos feitos da mistura do polvilho com a mandioca cozida, que se mostram fortes em Itabirito e Crucilândia.

Produção de farinha

Colheita: para se obter uma farinha de melhor qualidade, as raízes devem ser colhidas de 16 a 20 meses após a plantação.
Lavagem e descascamento: a preparação da farinha inicia-se com a limpeza das raízes, primeiro lavadas para eliminar a terra aderida à casca e depois descascadas
Ralamento: depois de limpas e descascadas, as raízes são colocadas no ralador e a massa ralada vai caindo diretamente sobre o “cocho” de madeira, colocado embaixo do ralador.
Prensagem: depois de ralada, a massa é prensada no tipiti (peça de origem indígena) ou na prensa de madeira.
Peneiramento: Quando retirada da prensa, a massa fica muito compactada precisando ser esfarelada e, em seguida, peneirada. Torração: A massa peneirada é colocada no forno ou na chapa para eliminar a umidade que ainda permanece na farinha crua. O forneiro, ou farinheiro, com o auxílio de um rodo de madeira, vai mexendo a massa até a secagem final.

Receita

Paçoca de Pilão

Ingredientes
3 kg de fraldinha limpa e picada
20 pimentas de bode verdes
Farinha de milho torrada o quanto baste

Modo de preparo
Temperar a carne com alho e sal e fritar ate deixar no ponto torradinha por fora e macia.
Deixar escorrer a gordura numa peneira por pelo menos 1 hora.
Coloque duas colheres de farinha e as pimentas no pilão e bater bem.
Acrescente as carnes e pilar bem até deixar elas bem desfiadas e junte mais farinha até dar o ponto de uma farofa seca


Atrativo turístico e cultural

Os processos de fabricação das farinhas e polvilhos têm algumas variações regionais e as casas de farinha se tornam atrações à parte para quem gosta de conhecer um pouco sobre as culturas alimentares dos diversos territórios gastronômicos.

De pequenas e bem rudimentares farinheiras, às grandes casas de farinhas mecanizadas, todas apresentam curiosidades e têm seus atrativos ao produzirem este outro ouro em pó brasileiro. A produção artesanal de farinhas também está ameaçada de desaparecer por alguns motivos como o êxodo rural de pequenos produtores familiares, a falta de continuidade pelas famílias mais tradicionais em algumas importantes regiões produtoras, e também os entraves burocráticos além da fiscalização da vigilância sanitária e sindicatos de trabalhadores, reivindicando adicionais de insalubridades e coisas parecidas, fatores esses, que combinados, estão colaborando para a diminuição sensível desta importante e atraente atividade artesanal da alimentação.

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