O sucesso do Kaol, do Café Palhares: ‘O segredo está no molho’

Giulia Andrade - Hoje em Dia
12/04/2015 às 10:49.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:36
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

Carinhosamente conhecida como a capital dos bares, Belo Horizonte tem botecos de grande tradição. São mais de 18,5 mil estabelecimentos espalhados pela cidade, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), que fazem a alegria de moradores e turistas.   A gastronomia de boteco passou a ser ainda mais valorizada com a divulgação dos concursos “Comida di Buteco” e “Botecar”, que começaram neste mês em BH. Enquanto alguns bares apostam no conceito de botequim gourmet, outros antigos redutos da boemia tiveram clientela e cardápio repaginados com o passar dos anos.   Aberto em 1983, o Café Palhares é um deles. Na rua Tupinambás, 638, no Centro (mesmo endereço desde a fundação), o bar, antes frequentado somente por homens, hoje recebe famílias inteiras para o almoço.     “Antigamente, as mulheres não entravam nos bares, só em restaurantes. Algumas até frequentavam, mas eram pouquíssimas. Antes era uma cafeteria que funcionava 24 horas, depois passamos a investir mais no almoço, na gastronomia. Isso fez com que o perfil do cliente mudasse um pouco”, conta um dos proprietários do café, Luiz Fernando Ferreira.   Luiz e o irmão, João Lúcio Ferreira, assumiram o negócio há 40 anos, aberto pelo pai. O famoso kaol, carro-chefe da casa batizado pelo jornalista e compositor Rômulo Paes, era antes o prato preparado para os funcionários que trabalhavam no café. “Kaol quer dizer: cachaça (com k), arroz, ovo e linguiça. Naquela época, todos tomavam um aperitivo antes de almoçar”, lembrou Luiz.   A receita clássica foi incrementada e ganhou a companhia da couve, do torresmo, do molho de tomate e da farofa de feijão. A linguiça pode ser substituída por língua ou dobradinha. “O segredo está no molho”, disse o proprietário do Café Palhares, que não revela seu ingrediente secreto.   Serviço: Café Palhares Rua dos Tupinambás, 638, Centro. Fone: (31) 3201-1841   No Agosto Butiquim, pratos da cultura popular são tratados com carinho e ganham releituras   Festival – Joana apresenta sua criação Sertões de Jacuí   “Para mim, gourmet é aproveitar a referência de pratos de domínio popular, da culinária mineira, e fazer com mais carinho”, resume a chef Joana Machado, proprietária do Agosto Butiquim, no bairro Prado, região Oeste de Belo Horizonte.   Joana é exemplo da nova geração de profissionais que estudaram gastronomia e continuaram dentro da tradição dos botecos. “Quem frequenta os bares da capital estão ávidos por coisas novas. Apresentar o tradicional de forma mais cuidadosa, essa é a cozinha gourmet”, disse a chef que estudou gastronomia em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, em uma época que BH não tinha tantas opções de curso superior na área.   Este é o terceiro ano que o bar participa do festival “Botecar”. O prato elaborado para o evento é o Sertões de Jacuí: pernil assado e refogado em mistura mineira, flambado na cachaça com cravo e casca de laranja acompanhado de batatas rústicas. “É uma homenagem à cidade da minha família”, contou Joana.    Tricampeão do Comida di Buteco, Bar do Zezé quer vencer o Botecar com seus petiscos   Pronto para a disputa – Os petiscos do Bar do Zezé serão destaque do Festival Botecar deste ano   Único tricampeão do festival Comida di Buteco, o Bar do Zezé, no Barreiro de Baixo, fez história em Belo Horizonte com a especialidade da casa, os bolinhos de bacalhau com milho. Famoso por seus petiscos fartos, o cardápio do Zezé também inclui pratos como galinhada, tropeiro e tutu com linguiça e pernil.   “Em 1980, abri uma mercearia. O negócio foi crescendo e resolvi abrir um bar ao lado, acabei fechando a mercearia. De lá para cá, o público mudou muito, mas tenho clientes desde quando inaugurei”, conta José Martins, o Zezé, que comanda a cozinha ao lado da esposa, Alfa Martins. “Todas as receitas são nossas, cada um dá um palpite, até encontrar o ponto certo da receita”, disse Alfa.   Este ano, o bar do Zezé participa do festival “Botecar” com um prato tradicional da região do município de São Domingos do Prata, o bolinho de Cascais: bolinhos arroz com bacalhau acompanhados com creme de alho e ervas.     No Bar do Careca, comida é principal atrativo: ‘Meus clientes gostam mesmo é de comer’   O Careca – Orcínio Ferreira não vai participar dos festivais de boteco deste ano   O simpático Orcínio Gonçalves Ferreira, mais conhecido como Careca, comanda o bar que leva seu apelido há quase 30 anos. É ele próprio quem tempera, corta e cozinha os pedidos. O bar do Careca foi o primeiro vencedor do concurso “Comida di Buteco”, com a famosa língua refogada.   “Gosto muitos dos festivais de gastronomia, do movimento que eles trazem. Hoje, já são mais de cem botecos participando dos dois concursos. Isso é ótimo para Belo Horizonte, mas neste ano fiquei de fora, já cheguei a uma certa idade, ando um pouco cansado”, diz Careca, bem humorado.   Segundo ele, a hora do almoço é a mais movimentada e atrativa do bar. “Aqui, recebo muitas famílias, jovens acompanhados dos pais, dificilmente vejo pessoas que vêm só para beber. Meus clientes gostam mesmo é de comer”, contou Careca. 

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