(Richardyson/Divulgação)
Uma das ocorrências mais potentes da música mineira e nacional dos últimos anos, a Geração Perdida de Minas Gerais – coletivo de bandas, escritores e artistas visuais – realiza neste fim de semana seu primeiro festival reunindo grande parte de seus pares.
O coletivo, que atua desde 2012 na cena independente local, agora investe na ideia de um festival anual feito na rua e aberto a todos os públicos. “Somos um grupo desorganizado, na real. Mas sabemos compartilhar o público um com o outro e a experiência com produção artística”, diz Daniele Gomez, poeta e artista visual que se apresenta domingo em parceria com a banda Não Não-Eu. “Sou o braço forte da minha proposta artística, mas posso sempre recorrer ao grupo pra desembolar aquilo que eu não sei”, explica.
A fala e a atuação de Daniele são exemplares ao se pensar como funciona a Geração Perdida. Existe sim conexão estética entre a música de bandas como Aldan, Johnatan Tadeu, Pedro Flores, Fernando Motta, Vítor Brauer e El Toro Fuerte, entre outros que ocuparão a área externa do Prédio da Rainha da Sucata, na Praça da Liberdade, a partir das 14h amanhã e domingo. Mas talvez o grande ponto de interseção entre artistas e bandas de fora, como os rondonenses da Tuer Lapin e os cariocas da Tom Gangue, seja a instigante vontade de frequentar uma certa contramão de diversos eixos sinônimos do “fazer música” no Brasil hoje.
Em música, letra e prática de trabalho, os artistas apostam em vias radicais do “faça você mesmo”, seja na gravação de discos, em turnês por conta própria ou ainda por não se furtarem de abrigar as mais diversas possibilidades de expressão em sua chancela, como os densos textos de Daniele. “Eu entrei pro grupo por curtir os trabalhos daqueles que faziam parte. Sempre me identifiquei em trabalhar com o que eu tenho já de possibilidade e vi muita coragem nos outros integrantes”, define.