‘Grande Sertão’ ganha edição luxuosa em HQ

Elemara Duarte - Hoje em Dia
14/12/2014 às 09:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:22
 (Reprodução da ilustração de Rodrigo Rosa)

(Reprodução da ilustração de Rodrigo Rosa)

Então, o livro do nosso “amado, idolatrado. Salve! Salve!” Guimarães Rosa virou graphic novel nas mãos de dois gaúchos? “Isso! E ele é nosso amado e idolatrado também”, responde o artista plástico Eloar Guazzelli, roteirista de “Grande Sertão: Veredas – Graphic Novel” (180 págs., Biblioteca Azul, R$ 199,90), que está ao lado do quadrinista do projeto o ilustrador Rodrigo Rosa.   “Guimarães Rosa é imenso e contempla múltiplas leituras”, resume Guazzelli. Afinal, diz o gaúcho de Vacaria, todo brasileiro tem um pouco de sertão dentro de si. “Basta olhar a lua cheia numa noite de verão”, sugere.   João Guimarães Rosa (1908-1967), diz o roteirista, tem sotaque universal porque criou uma obra-prima. “Grande Sertão é entre muitas coisas um tratado sobre a condição de brasileiro. E na minhas muitas leituras, percebi semelhanças entre aquelas figuras do sertão e o gaúcho”, compara Guazzelli.   Esteticamente, Rodrigo Rosa concorda com isso. “Acho que visualmente, o tipo de jagunço que aparece em ‘Grande Sertões’ lembra um pouco a figura do gaúcho. Apenas não tem a bombacha. Mas tem os cinturões, botas, alguns chapéus com uma estética bem parecida. Afora a questão da coragem, da honra, coisas muito caras ao estereótipo do gaúcho campeiro”.   A edição especial para colecionadores chega às livrarias com tiragem limitada e numerada de 7 mil exemplares. O texto rosiano é respeitado, afinal, esta é a graça e o que dá a garantia da perenidade, típica das “obras de arte”, para este romance.    Para inspirar-se a escrever “Grande Sertão: Veredas”, lançado em 1956, o então diplomata Guimarães Rosa voltou-se para o sertão, a partir da região de Cordisburgo, onde nasceu. O texto com o típico linguajar sertanejo mostra o personagem central, o jagunço Riobaldo, numa extensa e perturbadora narrativa com lembranças, absurdos e seu impossível amor por Diadorim.    É aquele tipo de livro que todo mundo deveria ler. Mineiros que o digam. Brasileiros, idem. “Eu havia lido na juventude. Mas aos 52 anos pude amadurecer minha visão. Saio deste trabalho convencido da sua extrema importância para nossa cultura. É um tratado filosófico, uma investigação antropológica sobre as raízes do nosso povo”.     João na terra de Carlos   Até 5 de janeiro de 2015, o Centro Cultural Carlos Drummond de Andrade (av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro, Itabira) recebe a exposição “Minha Vida é um Bordado com Guimarães Rosa”.    A mostra apresenta peças produzidas por integrantes da terceira idade do Sesc Floresta, em BH, e são inspirados na obra “Primeiras Estórias” (1962). Visitação das 8h às 18h, de terça à sexta-feira; e das 10h às 16h, sábado e domingo. Gratuito.  

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