Mais uma vez, a banda Graveola e o Lixo Polifônico está de malas prontas para uma turnê pela Europa. A quinta viagem internacional dos mineiros terá dez shows em Portugal, Bélgica, Alemanha (para a “Copa das Culturas”), Inglaterra e França. Mas antes de seguir viagem, o grupo apresenta aos conterrâneos o que vai mostrar aos gringos em um show que realiza sábado, no Granfinos.

Dessa vez, o Graveola vai apresentar para os europeus os conteúdos de seu primeiro DVD (gravado no Palácio das Artes) e o recente “Vozes Invisíveis” ou “Dois e Meio”, trabalho caseiro e experimental, criado já com a nova formação. A banda deve ainda adiantar o material que está sendo gravado para um disco previsto para sair no primeiro semestre de 2015.

“Pela primeira vez, viajaremos completamente sem apoio. Os editais de intercâmbio estão todos fechados por causa da Copa e da eleição. Mesmo assim, resolvemos que era importante ir e estreitar os vínculos com o mercado europeu. Continuar o investimento na formação de público e no contato com a cadeia produtiva, como selos, festivais e agentes. Mesmo que a gente precise assumir uma dívida”, afirma o vocalista e guitarrista Luiz Gabriel Lopes.

Investimento

Segundo o músico, o investimento é válido porque o mercado estrangeiro tem qualidades diferentes do nosso país. “Lá não sofremos com vários problemas que enfrentamos diariamente aqui no Brasil. O reconhecimento internacional caminha com muito mais fluência e rapidez, não há tantas barreiras. Aqui, infelizmente, há milhares de lobbys e obstáculos. Artistas que não estão em São Paulo enfrentam grande dificuldade para se posicionar nacionalmente. A imprensa, em geral, é desinteressada. É difícil crescer estando em Belo Horizonte”, completa.

Em dez anos, o Graveola realizou mais de 210 shows em 34 cidades brasileiras. Mesmo assim, a banda percebe que poderia circular mais, se o Brasil pudesse ter uma melhor estrutura para promover apresentações dos artistas independentes. “Estamos tentando arduamente conquistar um reconhecimento um pouco mais profissional no circuito, circular com condições que valham a pena. Temos um público bacana fora de BH, mas a realidade é que poucos produtores têm disposição para investir numa banda como o Graveola, que tem seis integrantes e demanda uma estrutura técnica não muito simples. Adoraríamos circular mais pelo interior de Minas, por exemplo, mas não é fácil”, explica Lopes.

Um dos nomes mais destacados da música belo-horizontina, por conta de um som criativo que mistura diversos ritmos brasileiros e latinos com elementos do pop e do rock, o Graveola disponibiliza toda sua discografia em seu site: graveola.com.br.

Graveola no Granfinos (av. Brasil, 326, Santa Efigênia). Sábado, às 22h. R$ 20 (pelo www.sympla.com.br) e R$ 30 (na porta)

Womex foi positiva para a banda

O Graveola foi um dos três nomes levados pelo programa “Música Minas” para representar Minas Gerais em uma noite de shows na Womex (a maior feira de world music do mundo), na Grécia, em 2012. Foi uma oportunidade de se apresentar para agentes e produtores de várias partes do mundo, ao lado também de Thiago Delegado e Makely Ka.

“Sem dúvida nossa passagem pela Womex em 2012 trouxe bons contatos. Mas o trabalho de articulação internacional é gradual, lento. O mercado exige uma confiança que se conquista aos poucos, não dá para desistir na primeira adversidade ou esperar condições maravilhosas desde o início”, afirma Luiz Gabriel Lopes.

Segundo o artista, o grupo está aprendendo com todas as turnês. “Nossa primeira turnê na Europa, em 2010, foi totalmente de guerrilha, tocamos em centros culturais alternativos, ocupações e bares pequenos. De lá para cá, a cada ano as condições foram melhorando... Neste ano participaremos de vários festivais, alguns já pagando cachês razoáveis. Mas uma ida à feira não salva a vida de ninguém”.
 

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