Grupo de seis escritores tem sua poética ligada às experiências pessoais

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
02/12/2014 às 08:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:14
 (divulgação)

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“Não havia nada a se fazer e resolvemos escrever poesia”, brinca o grupo formado por seis jovens escritores de BH. Amigos de longuíssima data, Rafael Fares, Marcos Sarieddine, Thiakov, Marcos Braccini, Vinikov e Rafael Ludicanti lançam nesta terça-feira (2) à noite a coleção “Vagabundos Iluminados” (Aletria Editora), resultado das muitas viagens e experiências compartilhadas.

“Antes da poesia, nosso grupo se reuniu em torno de uma amizade juvenil que começou na década de 1990 em Belo Horizonte. Um apresentou um amigo ao outro e os gostos em comum pela literatura e pelas artes aproximaram nossas vidas para a eternidade”, rememora um dos seis nobres vagabundos, Rafael Fares.

Não é a primeira vez que o grupo se reúne em prol de um trabalho literário. Em 2011, colocaram no mercado a publicação “Exemplar Disponível ao Roubo”, livro que reúne 80 poesias de Miguel Capobianco-Livorno, heterônimo criado por eles para assinar a obra. “Foi um livro escrito a 12 mãos. Em nossos encontros semanais, um escrevia uma linha que o outro continuava. Deixamos o ego de lado para nos entregar a algo maior, que era transcrever as nossas experiências em forma de poesia”, explica Marcos Braccini.

Na coleção “Vagabundos Iluminados” – composta por seis livros – os meninos deixam “Miguel Capobianco-Livorno” de lado – e, sim, assumem suas identidades. “A maioria das poesias que entrou nessa coleção é ainda da época que escrevíamos como Miguel, mas, mesmo ali, já tínhamos nossos voos solos”, ressalta Braccini.

Pela Argentina

A grande vivência dessa turma, que resultou em muitas linhas rascunhadas e dois livros, ocorreu entre os anos de 2004 e 2005, quando se aventuraram em uma viagem de carro para a Argentina. “A viagem durou dois meses. Levamos um caderno, que chamamos de pergaminho, para registrar tudo”. O tal caderno, acreditem, foi roubado na volta! “Mas ainda assim escrevemos outros textos, o que resultou no ‘Exemplar Disponível...’. Muito material foi guardado e, agora, entra nessa coleção”, conta Vinikov. Influenciados por diferentes correntes artísticas, como o tropicalismo na música, Fernando Pessoa na literatura e o cinema francês, os rapazes nãos escondem uma grande identificação com os beatniks.

Não é por acaso que a coletânea foi nomeada “Vagabundos Iluminados”, em referência ao livro de Jack Kerouac (“Dharma Bums”, no original de 1958).

“O fazer poético e a poesia se confundem com a nossa vida. E isso é literatura beat. Ela acontece de forma visceral. Nada de linguagens rebuscadas e sofisticadas. Nos identificamos com essa poesia palpável, de relatar vivências. A nossa escrita vai muito por essa linha”, define Braccini. l
 

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