Grupo galpão interage 'nós' com 'outros' em peças que abordam a falta de diálogo político

Bernardo Almeida
26/05/2019 às 17:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:50
 (Guto Muniz/Divulgação)

(Guto Muniz/Divulgação)

A dimensão política do convívio entre pessoas e discursos é o tema que rege as duas peças do Grupo Galpão que compõem a curta temporada da Mostra Nós e Outros, que começa na próxima quinta-feira, no Teatro Francisco Nunes. 

Pela primeira vez, a companhia teatral mescla duas apresentações em uma temporada, ambas dirigidas por Marcio Abreu, fundador e diretor da Companhia Brasileira de Teatro, sediada em Curitiba. A escolha por levar ao público as duas performances em um mesmo momento faz parte de uma estratégia discursiva, pela maneira como as peças “Nós”, de 2016, e “Outros”, de 2018, acabam dialogando entre si, segundo Eduardo Moreira, ator e fundador do Galpão. “Como os próprios nomes dizem, nós e os outros se complementam, abordam o mesmo tema, mas mostram a diversidade da linguagem para retratar o assunto”. 

O objetivo do grupo é trabalhar a forma como o debate se dá nas ruas hoje e traduzir essa vivência para o teatro, expondo a pouca escuta que se percebe nas discussões políticas nos dias de hoje, a partir dos temas intolerância, violência, diversidade e convivência com a diferença, sem impor mensagem de cu-nho partidário ou ideológico, para que o espectador tire as próprias conclusões.

Nós e outros

“A peça ‘Nós’ tem como inspiração a questão do dentro e do fora, do espaço público e do privado, da exclusão de vozes dissonantes em narrativa mais linear, enquanto ‘Outros’ utiliza estrutura mais fragmentada e que radicaliza mais no estilo de teatro contemporâneo, gerada a partir do que os atores perceberam de escuta em espetáculos de rua”, analisa Moreira.

“Nós” foi o primeiro trabalho de cooperação do Grupo Galpão com o diretor Marcio Abreu, iniciado em 2014, e conta a história de um grupo de sete pessoas reunidas para uma última refeição, abordando a maneira como esses indivíduos interagem e geram situação de animosidade. A mesma animosidade também está presente na peça “Outros”, que parte de dez discursos que convivem paralelamente, mas sem apreender nada um do outro, até um ponto em que as palavras paradoxalmente já não dão mais conta de compreender a realidade. 

“O público reagiu muito bem às peças quando em cartaz, e o propósito é que venham com o coração aberto para se permitirem a experiência com o teatro, sem preocupação com a necessidade de compreender as tramas, mas absorver as reflexões que trazem”, explica Eduardo Moreira, que entende que os textos inalterados das peças originais “ganham um nova dimensão, ainda mais atual”. 

Inclusão

Serão cinco apresentações de “Nós”, de quinta a domingo (sessão dupla no sábado) e “Outros” estará nos palcos de 5 a 9 de junho. Os horários de início variam entre 17h e 20h, a depender do dia. 

As apresentações de sexta, tanto de “Nós” (31) quanto de “Outros” (7) terão interpretação em Libras, iniciativa que o Galpão já implementou anteriormente. Os ingressos estão disponíveis pelo site sympla ou uma hora antes do espetáculo na bilheteria do Francisco Nunes, para pagamento só em dinheiro.
 

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