Grupo Galpão apresenta novo espetáculo "De Tempos Somos"

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
12/12/2014 às 09:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:21
 (Carlos Rhienck - Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck - Hoje em Dia)

Era uma vez uma trupe em turnê pelo Vale do Jequitinhonha que, enfeitiçada pela lua cheia, pusera-se a cantar músicas de seu repertório. Foi assim, como nos livros de contos de fadas, que começou a história do espetáculo “De Tempos Somos”, novo trabalho do grupo Galpão.

Com estreia nesta sexta-feira (12) no Galpão Cine Horto, nasceu de um desejo antigo de se criar uma espécie de “pocket” musical, que poderia ser levado para qualquer lugar, como um bar ou espaço alternativo, numa volta aos primórdios do grupo.

“Não tínhamos um projeto, uma data, dinheiro ou equipe, mas queríamos fazer. Foi uma maneira também de continuar o exercício que estávamos fazendo, de nos provocar internamente, e de dar vida a esse desejo”, observa Lydia Del Picchia, que assina a direção ao lado de Simone Ordones.

Lydia salienta que, se fossem esperar um outro momento, teriam que adiar devido a compromissos já agendados. “Resolvemos fazer na cara e na coragem. Atualmente uma produção do Galpão é uma coisa grandiosa. Quando vamos para a rua, temos uma estrutura que até hoje nos assusta. Artisticamente é importante ter esse outro lado, mais íntimo com a plateia. É importante para fortalecer os laços entre a gente”, registra.

Canções de vários espetáculos, como “Romeu e Julieta” e “Um Homem é Homem”, recebem agora novos arranjos. “Não é musical, porque não conta uma história”, frisa Lydia, que prefere o termo sarau, “um evento que se faz em sua casa, chamando os amigos e com música e leitura de poemas”.
A descrição caiu como uma luva. “Estamos abrindo a nossa casa, pois nós mesmos participamos de todo esse processo”.

REVIRANDO O REPERTÓRIO, MAS NÃO DE MANEIRA NOSTÁLGICA

Em qual momento vocês começaram a conceber um espetáculo musical?

SIMONE ORDONES – Tudo começou na montagem do “Corra Enquanto é Tempo”, em que a música, muito simplesinha, era executada ao vivo, com violão e sax. Ali a gente percebeu que as duas linguagens (música e teatro) estavam muito ligadas, especialmente do ritmo com a pulsação da cena. Os atores passaram a estudar música, com cada um dedicando-se a um instrumento. Nossa inspiração eram os grupos de teatro de rua da Europa, que tocavam ao vivo. Isso acabou acrescentando artisticamente para cada integrante do Galpão.

“De Tempos Somos” também pode ser definido como uma história musicada do próprio grupo?

LYDIA DEL PICCHIA – A gente percebeu que o repertório musical é enorme, com quase todos os espetáculos registrados em CD. Como o grupo está com 32 anos de uma trajetória bonita e forte, temos muita coisa para dizer e, por isso, sem querer jogar confete em nós mesmos, queríamos olhar paraa nossa história. Como temos uma preocupação com a memória, a ideia acabou vindo naturalmente, mas não de maneira nostálgica. Nos debruçamos sobre esse repertório indagando como ele nos serve, olhando para frente. Preservamos os arranjos de várias músicas, especialmente as do espetáculo “Partido”, que não foi registrado em disco e pouca gente conhece, por ter ficado pouco tempo em cartaz. Mas a grande maioria passou a ter novos arranjos.

O cenário se resume a um baú e os atores parecem vestir roupas trazidas de casa. Por quê?

LYDIA – Alguém sugeriu que contássemos uns causos do Galpão, mas não queríamos ficar reforçando muito, porque o repertório musical já é a nossa história, com muita força. Esse lugar da simplicidade é um pouco parte dessa experiência. A gente faz um espetáculo a luz do anterior e o “Gigantes da Montanha” era cheio de detalhes. Não como uma negação, mas imaginar como seria se não tivéssemos cenário, figurino e maquiagem. Foi a Simone quem deu a ideia de vestirmos como se fôssemos para um sarau.
 

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