Grupo Oficcina Multimédia deixa galpão onde ensaiava e guardava cenários e figurinos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
21/07/2020 às 14:20.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:05
 (FACEBOOK/DIVULGAÇÃO)

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"Dia 19 de julho. Um dia triste para o Grupo Oficcina Multimédia". O aviso melancólico foi postado nas redes sociais pelo grupo mineiro, após se ver obrigado a retirar centenas de objetos e figurinos usados em espetáculos premiados de seu galpão no bairro Carmo, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Sem recursos para pagar o aluguel do imóvel, que também servia de local de ensaio, o Oficcina Multimédia contou com o apoio de outros grupos, como Armatrux e Suspensa, para alojar o material que narra parte dos 43 anos de trajetória. Outros objetos cênicos, por falta de espaço, tiveram que ser doados.

"É um reflexo não só da pandemia, mas da precariedade da arte, que foi a primeira a desaparecer. Hoje, claro, temos muitas prioridades, em primeiro lugar a própria doença, mas a arte está indissociada do ser humano. O registro cultural de uma cidade é a nossa identidade", lamenta Ione Medeiros, diretora do GOM.

O grupo estava pronto para estrear, em maio, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o espetáculo "Vestido de Noiva", baseado em peça de Nelson Rodrigues, após mais de um ano de preparação. "Sem poder fazer esta temporada, ficamos sem como nos sustentar e pagar o aluguel do galpão", registra Ione.

O espaço na rua Grão Mogol era um "ateliê de artista", na definição da diretora, onde várias de suas criações ganharam forma. Ela cita "Bê-a-bá Brasil" (2008) como exemplo. "A ideia era fazer algo mais simples, mas, no primeiro dia de ensaio, após pedir para os atores pegarem um objeto que lhes trazia algum significado, eles desceram com a 'tralha' toda, importante para um novo olhar sobre o Brasil". 

Um mesmo objeto, muitas vezes, foi usado em diversos espetáculos, recebendo novos significados. "Ressignificamos muitos de nossos materiais. Eles vão e voltam e ganham outros sentidos. Como nunca a verba é suficiente para fazer arte, nós tornamos catadores de coisas", analisa a diretora do grupo, que se diz de luto. "(A perda do espaço) nos atingiu como a morte de uma história".

19 de julho de 2020 - Um dia triste para o GOM. Neste mês de julho, data em que comemoramos a criação do Grupo Oficcina...Publicado por Grupo Oficcina Multimédia em Domingo, 19 de julho de 2020
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