Guilherme Reis foge da narrativa clássica na sua estreia em longa

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
24/05/2013 às 07:52.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:58

Começo, meio e fim. A mais conhecida e aceita estrutura narrativa, originária das tragédias gregas, é reduzida a 1/3 no filme "Família". Mais especificamente ao primeiro dos três atos: a apresentação.

"Não há um conflito estabelecido ou um clímax. Nada de relevante acontece depois dessa apresentação", salienta Guilherme Reis, diretor do longa-metragem que estreia nesta sexta-feira (24) no Cine 104.

Interromper a narrativa antes de os personagens serem perturbados por uma situação não resulta numa história frouxa. Reis garante que há uma verticalização ainda maior de conteúdo.

Filme de climas

"Apesar de continuarem do jeito que começaram, há um aprofundamento na vida dos personagens. Nos filmes mais comerciais, eles são vazios porque dão mais valor à resolução", registra o realizador.

Ele define "Família" como um filme de climas, voltado para quem gosta de atores. "Simplesmente quis colocar o espectador dentro da casa de uma família, em que as emoções são fornecidas pelos atores".

Reis deixou o elenco à vontade para desenvolver seus personagens, a partir de um roteiro de duas páginas. "Os atores que davam a ação, com total liberdade de improvisar antes da cena ser gravada".

O rico material colhido nas filmagens justifica um pouco o atraso na entrega do filme pronto. Rodado em 2009, cerca de 40 horas foram para a sala de montagem. O ator Odilon Esteves dividiu a tarefa com Reis na edição.

Cassavetes

Pai do cinema independente dos Estados Unidos, John Cassavetes foi a inspiração de Reis. Após acompanhar mostra dedicada ao cineasta, ele pôs na cabeça que faria um filme pontuado pela relação entre câmera e ator.

"Cassavetes só precisou do básico do cinema, como um texto, uma câmera e os atores, para fazer a ficção existir", sublinha. Os filmes dele eram feitos com poucos recursos – princípio que também norteou "Família".

O longa saiu por R$ 70 mil, custo de curta-metragem. "Foi muito B.O. (baixo orçamento) e não poderia ser realizado sem o apoio dos atores", assinala. O elenco conta ainda com Renato Parara, Gisele Werneck, Neusa Rocha e Léo Quintão.

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