Gustavo Ziller é um dos que transformam suas aventuras pelo mundo em livro

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
09/07/2015 às 06:39.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:49
 (Gabriel Tarso)

(Gabriel Tarso)

O brilho que as crianças têm nos olhos. É disso que Gustavo Ziller estava sentindo falta quando foi diagnóstico com a síndrome de Burnout, comum a quem sofre uma exposição muito grande ao estresse. “O corpo simplesmente apagou”, recorda o empreendedor mineiro, que havia trocado a capital mineira por São Paulo.

Ziller resolveu que era hora de dar um shutdown, encerrando o sistema “empresário workaholic”. E o substituiu por um outro tipo de produtor de adrenalina: a escalada de montanhas. “Queria encontrar o extraordinário de novo”, salienta Gustavo, que transpôs essa mudança de chave para o livro “Escalando Sonhos”, que será lançado em BH nesta sexta-feira (10), às 19h, na Loja Adrena (av. Getúlio Vargas, 1.635, Savassi).

Mas Ziller não está só nesta empreitada. Não são poucos os livros que reproduzem aventuras vividas por quem quer mais que uma vida ordinária. Nos próximos dias, o ciclista Danilo Perrotti lança o livro “Homem Livre”, baseado em suas aventuras em 59 países (leia na pág. 36). Já o jornalista Alexandre Costa Nascimento lançou “Mais que um Leão por Dia”, na qual narra seu travessia, de bike, pela África, de norte a sul.

“Drama extremo”

Para Ziller, não foi fácil. Por mais que tenha montado uma equipe de ponta, com médicos especialistas, o retorno do Annapurna, décima montanha mais alta do planeta, valeu a Gustavo uma “história de drama extremo”, com direito a nevascas, avalanches e um dedo do pé congelado.

A experiência foi dividida com o guia Shanker e o carregador Sharon. Durante 20 dias, os nativos, da etnia gurung, eram as únicas pessoas com quem compartilhava medos e pensamentos. “Tinha a necessidade de falar e aprender. Ao final, ingenuamente, perguntei ao Shanker se ele gostava de ser guia. E ele me respondeu que, na verdade, sua função era mostrar o sentido da vida”.

Foi com essa sensação que Gustavo trouxe na bagagem. A ponto de, em “Escalando Sonhos”, fechar com a indagação: e se conseguisse manter o extraordinário em sua vida? A resposta está sendo conhecida agora, com o projeto “7CUMES” para o Canal Off, em que deverá escalar as montanhas mais altas de cada continente na primeira tentativa.

Ziller já passou por duas – o Aconcágua, na América do Sul, e o Kilimanjaro, na África. “É um roteiro clássico, como se fosse o grand slam dos montanhistas, aqueles lugares que todos querem ter no currículo. Meu desafio é ser o primeiro amador a cumprir essas etapas num prazo de 30 meses, na primeira tentativa”, explica Gustavo, ainda “detonado” pela última aventura, na África.

Próxima parada: Rússia

“Acabei de chegar e ainda sinto o desgaste físico. Afinal, tenho 40 anos. Só essa semana voltei aos treinos e comecei a conversar com os médicos para me botarem bem de novo e subir o Monte Elbrus, na Rússia, em setembro”. Apesar de o corpo começar dar outros sinais de cansaço, agora não mais ligados ao trabalho, desistir da empreitada, jamais. “Não abro mão. Quero ir mais longe e inspirar pessoas. Hoje não sou mais um dono de empresa de tecnologia. A minha principal atividade é viver o extraordinário”, avisa.

Depois do Monte Elbrus, na Rússia, o mineiro Gustavo Ziller escalará o Maciço Vinson (Antártida), a Pirâmide Carstensz (Oceania), o Monte McKinley (América do Norte) e o Monte Everest (Ásia), que encerrará o projeto “7CUMES” em abril de 2017


O AUTOR E SUA AVENTURA - Livro será lançado no Projeto Sempre um Papo MM Gerdau e documentário, dia 22, no Cine 104


Danilo Perrotti percorreu 59 países em 39 meses e descobriu o que o mundo tem de bom

Ao subir numa “magrela” e, sozinho, percorrer 59 países em três anos, três meses e três dias, o ex-nadador Danilo Perrotti Machado queria saber “o que mundo tinha de bom a oferecer”. Imaginava que, sobre uma bicicleta, poderia entender melhor a diversidade cultural à sua volta.

“No Paquistão, você tem uma forma de viver e se relacionar, mas ao passar pela fronteira com a Índia, tudo é diferente”, relata Danilo, que contou com a colaboração da esposa e cineasta Gisele Mirabai para resumir sua experiência no livro “Homem Livre”, que será lançado dia 21, às 19h30, no Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, Prédio Rosa), dentro do projeto “Sempre um Papo”.

Mesmas necessidades

Danilo conta que passou a ver com outros olhos a humanidade, que, sim tem suas diferenças, mas, na luta pela sobrevivência, as necessidades são praticamente idênticas.

“Todo mundo é igual, independentemente das camadas sociais e dos dogmas. Temos os mesmos medos, alegrias, buscas, conflitos e desafios. Os caminhos podem ser diferentes, mas por baixo há o ser humano”, pondera.

Com cerca de 60 quilos de roupas e apetrechos – atrelados à bicicleta – para atravessar lugares desérticos e frios, Danilo usava o inglês para se comunicar. Mas houve um momento em que a língua universal não foi suficiente e precisou recorrer ao português.

Foi quando dois árabes, com punhais na cintura, acordaram Danilo no meio da noite. “Foi no Iêmen, um país que está com as fronteiras fechadas devido à guerra civil. Eles gritavam e eu tentava explicar em inglês, sem resultado. Aí comecei a ser firme também, falando em minha língua”, recorda.

Livro + filme

Esse é um dos muitos episódios que Gisele compilou a partir do diário de bordo que o marido escrevia a cada final de dia. “Peguei esse material e transformei numa narrativa literária. O livro é cronológico, com cada capítulo dedicado a um país diferente”.

Juntamente com o livro, ela produziu o documentário “Homem Livre”, que será exibido dia 22, às 20h30, no Cine 104 (Praça da Estação). “No filme, o que a gente tentou passar foi a visão de mundo dele a partir dessa viagem”, distingue Gisele. (PHS)

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