Hamilton de Holanda celebra o Dia Nacional do Choro e fala a respeito de seus projetos no ano

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
22/04/2020 às 19:07.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:20
 (RAFAÊ SILVA/DIVULGAÇÃO)

(RAFAÊ SILVA/DIVULGAÇÃO)

Escrita em 1917 por Pixinguinha, a melodia de “Carinhoso” causou alvoroço na época, acusada de dialogar com o jazz – algo considerado “inaceitável” –, e seu autor acabou sendo criticado por esse flerte. Mas, após ganhar letra de João de Barro duas décadas depois, passou a ser reverenciada, o que acontece até os dias de hoje. “O Pixinguinha é um dos pilares da música popular brasileira. Acho que ele sempre foi uma unanimidade na capacidade de agregar as pessoas. Depois virou lenda, e a música dele continua a unir pessoas. Ele é um ponto de união”, exalta Hamilton de Holanda, sobre o legado do músico carioca que, se estivesse vivo, completaria 123 anos nesta quinta-feira (23).

Nascido na mesma cidade e dotado da paixão pelo choro, estilo que tem suas raízes fincadas nos anos 1870, Hamilton de Holanda, 44, não apenas se identificou com a musicalidade de Pixinguinha, como se tornou figura crucial para fazer da data do aniversário de “Pizindim” o Dia Nacional do Choro – celebrado hoje pela 20ª vez. Ideia esta que começou a se originar em 1998, ano posterior ao centenário do ícone.

“Uma aluna minha comentou comigo sobre o assunto. Eu já havia pensado que existia Dia do Samba, Dia do Padeiro, Dia do Avô... Vários dias oficiais no calendário do Brasil, e não tinha o do choro. Como conhecia o chefe de gabinete do senador Arthur da Távola, liguei para perguntar como se cria um dia oficial de alguma coisa. No mesmo dia, ele fez essa conexão. Demorou um tempo para acontecer, e em setembro de 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei”, relata de Holanda.

Celebração

Em comemoração ao 20° aniversário do Dia do Choro, Hamilton de Holanda tem promovido, desde terça-feira, uma série de conferências virtuais, intitulada “Nossobando: Festival de Ideias Colaborativas”, pelo Zoom e o Facebook. Entre os assuntos abordados, a paixão e a importância do estilo e também o bandolim de dez cordas, criado e difundido pelo músico, curiosamente, desde 2000.RAFAÊ SILVA/DIVULGAÇÃO

Para o último episódio desta série – que vai ao ar às 10h –, o bandolinista convocou personalidades como Fátima Camargo (Chorando Sem Parar), Paulo Ramos (Idear/Clube do Choro de BH), Silvério Pontes (Choro na Rua), Henrique Neto (Clube do Choro de Brasília), Antonio Capucho (Festival Choro e Jazz), Luciana Rabello (Casa do Choro) e Choro das 3.

“Gerou um conteúdo maravilhoso, que também está no YouTube – este material permanecerá lá como pesquisa a quem quer saber mais do sobre o instrumento. É algo emocionante, pela qualidade de pessoas, em torno de um tema tão querido por nós”, diz.

Legado

A criação do Dia do Choro possui um sentido que vai além da data em si, como explica o bandolinista. “Vejo hoje em dia como um fato importante ter acontecido (a criação do Dia do Choro). A partir do momento que se torna algo oficial para a cultura, aumenta-se o compromisso das pessoas com o choro, sua manutenção e sua divulgação. Observo o aumento do interesse dos jovens e das escolas, com clubes de choro. Não digo que só por conta do Dia do Choro. E também em outros países. Já vi vídeo da Rússia, do Japão... De pessoas de outros países tocando choro.  O Dia do Choro é comemorado em outros países também”, destaca.

E de Holanda continua a proliferar o choro das mais diversas formas. “O choro me deu as ferramentas para me tornar músico. É minha primeira língua materna musical. Gosto de tocar vários estilos, me encontro com músicos do mundo inteiro, mas é o choro que me dá essa base, essa essência como músico”, assinala.LIVIA SÁ/DIVULGAÇÃO

Os três mais

A reportagem propôs um desafio a Hamilton, prontamente aceito pelo músico. Quais seriam os três discos de choro que ele apresentaria a alguém que não conhece nada do estilo? “Eu indicaria o ‘Vibrações’, do Jacob do Bandolim, uma obra-prima, um disco considerado por muitos como o melhor da história do choro. Outro seria o ‘Mistura e Manda’, do Paulo Moura, com participação de grandes músicos e que também é uma obra-prima. E o disco de Os Carioquinhas, jovens da década de 70 que fizeram o público voltar a ter interesse no choro”.

Hamilton em outras frentes

Além do “Nossobando: Festival de Ideias Colaborativas”, Hamilton de Holanda se vê engajado em outros projetos. Um deles segue em andamento: compor uma música por dia durante todo o ano de 2020. “Passei das 110 músicas. Esse projeto começou como uma maneira de expandir minha criatividade e minhas composições, aprender, achar novos caminhos, seja no instrumento, seja no estilo de música ou no sentimento que quero passar. São vários aspectos que vou desenvolvendo e aprendendo”, descreve.

Os resultados, como ele enfatiza, são os mais distintos. “Tem música com uma cara mais antiga, outra com cara de futuro, outra com cara de hoje. É uma maneira que tenho de viajar pelo tempo e, acima de tudo, expandir minha criatividade”, frisa.

Em um futuro próximo, outros materiais com a assinatura de Hamilton de Holanda serão disponibilizados. “Estou lançando em breve um disco com o Mestrinho; temos lançado vídeos que foram gravados para este trabalho. No meu canal do YouTube, há vídeos sobre isso. O nome do projeto é ‘O Canto da Praya’”, declara.

E tem mais. “Também farei um outro ‘O Canto da Praya’ com o querido João Bosco. Estou mixando um trabalho com Armandinho; gravamos um audiovisual bacana na Bahia. Além disso, estou me dedicando a melhorar minhas lives para criar o melhor conteúdo possível às pessoas neste momento”, disse.RAFAÊ SILVA/DIVULGAÇÃO

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