Hamilton de Holanda Quinteto celebra a música de Milton Nascimento em disco

LUCAS BUZATTI
lbuzatti@hojeemdia.com.br
28/05/2017 às 16:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:45

Em 2017, o Hamilton de Holanda Quinteto comemora uma década de caminhada. [/TEXTO][TEXTO]No mesmo ano, Milton Nascimento completa seu 75º aniversário. O que aconteceria se as duas celebrações fossem reunidas num álbum inédito e caprichado? A resposta está em “Casa de Bituca - Música de Milton Nascimento”, novo trabalho do grupo capitaneado pelo bandolinista carioca, recém-lançado em CD e DVD pela Biscoito Fino.  O disco traz 11 faixas, sendo nove delas composições clássicas de Bituca. “Milton criou um sistema musical de forma muito intuitiva, com um tipo de harmonia rara. Sempre admirei suas composições. Quando morei na França, ouvia seus discos para matar a saudade do Brasil”, conta Hamilton de Holanda, em entrevista ao Hoje em Dia. “Conheci o Milton em 2006 e fui gostando cada vez mais de sua obra. A música dele canta a amizade, e é um ponto de encontro entre nós”, afirma, lembrando que integram o quinteto André Vasconcellos (baixo), Daniel Santiago (violão), Gabriel Grossi (gaita harmônica) e Márcio Bahia (bateria). Além de revisitar pérolas como “Bola de Meia, Bola de Gude”, “Clube da Esquina Nº 2”, “Maria Três Filhos” e “Canção da América”, o álbum tem duas participações especiais. A primeira, claro, é do próprio Milton, que faz vocali-zações na faixa de abertura, “Bicho Homem”, e no bônus “Guerra e Paz I”, assinada por Hamilton.  “Milton está sempre pronto para o abraço. Quando contei que gravaria o disco, ficou feliz da vida e me convidou para gravar as vozes em Juiz de Fora”, conta o instrumentista. “Nesse disco, usamos mais a voz, que é um elemento importante na obra dele. E Milton sempre soube usar a voz como um instrumento poderoso”.  A outra participação é de Alcione, que canta “Travessia”. “Alcione é daquelas que falam cantando. Um instrumento vocal muito potente. Quando ela foi gravar, disse que ia mandar a letra e ela respondeu: ‘Não precisa. Quem não sabe a letra de ‘Travessia’ não é cantor’”, diverte-se. Outra exceção do disco, “Mar de Indiferença” é de autoria de Hamilton, que assume os vocais pela primeira vez em um disco. “Tive que entrar na roda também”, brinca. “Essa música foi inspirada num acontecimento triste, que foi aquela foto de um garoto sírio que não chegou vivo à travessia. Aquilo me marcou muito e cantei como forma de mostrar o sentimento. Mas o coro de crianças é mais importante que minha voz, pois representa a esperança e coloca a gente com os pés na terra para enxergar a dura realidade do mundo”, reflete.  Para o bandolinista, “Casa de Bituca” marca um momento de solidez do trabalho do quinteto. “Acho que a gente encontrou um som. Temos um rosto que, se você tatear, percebe que é o nosso”, sublinha. “O disco novo mostra isso. É um abraço musical”. 

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