Helvécio Ratton e Rui Rezende lembram causos da infância no interior de Minas

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
26/01/2015 às 07:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:47
 (Leo Lara/Divulgação)

(Leo Lara/Divulgação)

TIRADENTES – Rui Rezende quase virou padre por causa do futebol. Na adolescência em Araguari, onde nasceu há 76 anos, quando a mãe recebeu a lista de materiais para os candidatos a seminarista, constava um par de chuteiras. “Não pude fazer (o seminário) porque não tinha dinheiro para comprá-las”, lembra o ator.

Um dos cenários do filme “O Segredo dos Diamantes”, de Helvécio Ratton, apresentado na 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes, neste final de semana, a igreja foi o lugar escolhido por ele para recordar “causos” protagonizados num altar da cidade do Triângulo Mineiro, onde foi coroinha, “expulso possivelmente por ter bebido o vinho do padre”. Na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, o lobisomem da novela global “Roque Santeiro”, sucesso na década de 80, repete o gesto do padre ao dar as costas aos fiéis para ingerir a hóstia e tomar o vinho. “Quando errava ao tocar a sineta, ele olhava para o lado, fazendo cara feia”.

Em casa, a mãe sempre obrigava os oito filhos a se ajoelharem atrás dela, na oração das 18h. Já morando em São Paulo, Rui, coincidentemente, abraçou a profissão que o tornou famoso ao participar do teatro amador de uma igreja.

“Meu primeiro papel foi o da morte, mas o rosto ficava encoberto por uma capa”, sublinha ele, que, após insistir com um diretor da extinta TV Tupi, conseguiu um personagem no teleteatro. “No papel pregado na parede, porém, se lia Rui Rezende, e não José Rezende, meu nome verdadeiro”. Com medo de perder a chance, deixou por isso mesmo. Detalhe: só na entrevista ao Hoje em Dia Ratton soube que o ator, com quem também trabalhou em “Amor & cia”, não era um “Rui” de verdade.

O cineasta, por sinal, também tem histórias passadas em igrejas do interior de Minas. Uma foi até aproveitada num dos episódios do filme “Pequenas Estórias”: seu irmão mais velho, José Luís, era coroinha em Divinópolis. Um dia, ao chegar mais cedo na igreja, adormeceu nas cadeiras, e foi acordado com a mão fria de uma beata. “Ele saiu correndo! Chegou em casa dizendo que tinha visto uma alma do outro mundo”, diverte-se Ratton.

(*) Viajou a convite da organização do evento.

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