Herói jovem e rebelde garante sucesso de franquias

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
13/05/2015 às 08:41.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:00
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

O adolescente quer se ver na tela de cinema, mesmo quando se trata de um futuro distópico, em que o totalitarismo, as diferenças sociais e a censura caracterizam um planeta em colapso. Esse elemento político é a razão do sucesso de franquias como “Jogos Vorazes”, “Divergente” e “Maze Runner”.

Com lançamento nesta quinta-feira (14) nos cinemas, a ressurreição da série “Mad Max” – um dos clássicos do gênero nas década de 80 – é mais uma forma de atrair um público que, em décadas anteriores, não era o principal interessado em criar relações entre a realidade atual e um futuro nada promissor.

O que está no cerne da aproximação com o público adolescente é a opção por um protagonista jovem e rebelde, como destaca a jornalista Karla Lopes, fã da franquia “Jogos Vorazes”, baseada na obra de Suzanne Collins. “São heróis insatisfeitos com algo e que esperam mudar o mundo”, observa.

Para ela, esse tipo de literatura, encampado pelo cinema, foge do universo fantasioso que, por muito tempo, ficou atrelado ao público infanto-juvenil. “Agora estão mais voltados para um jovem adulto, que não foge de abordar questões políticas, vivenciado nas manifestações que acontecem no país”.

Outro aspecto que Karla chama a atenção é a cultura do espetáculo, um dos temas de “Jogos Vorazes” e muito presente na filmografia do gênero – vide “Rollerball – Os Gladiadores do Futuro” (1975) e “O Sobrevivente” (1987). “A audiência mostra que eles gostam de ver o pau quebrando”, registra.

O estudante Juan Moraes, de 18 anos, revela paixão por essas franquias, principalmente pelo que está por trás de cada ação dos personagens. “No caso de ‘Divergente’, percebemos como o mundo pode ser perigoso quando o governo tenta controlar as pessoas”, assinala o fã.

Paulo Gustavo Pereira, editor da revista “Sci-Fi News” por vários anos, analisa que as novas séries distópicas ajudam a “molecada a pensar um pouco melhor”, além de incentivar a leitura. “Mas há duas formas de perceber esses personagens revolucionários: podem reunir um grupo para contestar ou soltar bombinha no banheiro das meninas”.

O novo “Mad Max” tem Tom Hardy no papel que projetou Mel Gibson internacionalmente – um sobrevivente da guerra nuclear que combate malucos atrás de recursos naturais

Cenários opressores e apocalípticos recheiam história do cinema

Não é de hoje que o cinema está preocupado com o futuro da humanidade, concebendo cenários opressores e apocalípticos, ocasionados por guerras, pela mecanização crescente ou por um vírus letal.

O primeiro filme de relevo dentro desse tema é o alemão “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, que recorre a luta de classes para mostrar um empresário que escraviza seus trabalhadores, que moram no subsolo.

Aliado à questão do confinamento, o longa também traz uma andróide que subjuga os humanos – dois temas caros ao gênero, reunidos também em “O Exterminador do Futuro” (1984) e “Matrix” (1999).

O temor de que um novo Adolf Hitler controle o mundo já rendeu inúmeras obras sobre ditaduras futuristas, como em “1984”, baseado no livro de George Orwell e que cunhou a expressão “Big Brother” como sinônimo de vigilância. As produções que mais incomodam são aquelas que mostram uma forma de controle baseada no cerceamento do livre arbítrio, proibindo até mesmo a relação sexual, estampada em “THX 1138 (1971) e “Código 46” (2003).

Em “Fahrenheit 451” (1966), a população é impedida de ler qualquer tipo de livro. A maneira como os rebeldes contornam essa lei é guardar em suas mentes o conteúdo inteiro de grandes títulos.

A proximidade com a realidade se dá ainda com a possibilidade de uma guerra nuclear ou de uma epidemia praticamente acabar com a civilização, levando o planeta à barbárie, caminho seguido por “Mad Max” (1979), “12 Macacos” (1996) e “A Estrada” (2009).

E também com o fato de a iniciativa privada assumir o papel do Estado, objetivando apenas o lucro, como mostram “Robocop” (1997) e “Rollerball” (1975).
 

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