(Nelson Almeida)
A construção em estilo Belle Époque do Theatro Municipal e a música clássica do Quarteto de Cordas de São Paulo serviram, respectivamente, como cenário e trilha perfeitos para compor o desfile feminino de Alexandre Herchcovitch. O estilista, que abriu o segundo dia de São Paulo Fashion Week (SPFW), buscou inspiração na roupa de dormir do final do século XVIII.
No baú de Herchcovitch, camisolas longas, pueris e românticas, calças curtas e largas e shortinhos oversize combinados com cardigãs e regatas ultrafinas e muita camisaria. A peça herdada do guarda-roupa masculino pontua vários momentos da coleção. "Busquei inspiração nas camisolas do final do século XVIII e toda a delicadeza, suavidade e leveza contrastando com a estética da alfaiataria, que dá rigidez e cria uma imagem forte na coleção", afirmou Herchcovitch momentos depois do belo desfile.
O voil de algodão, eleito carro-chefe na coleção, foi trabalhado com suavidade de babados, pences, pespontos e nesgas que brincaram pelas peças. O tecido com barrado bordado e cores suaves de bege e tons de pele é misturado com peças mais pesadas - spencer, blusão e casacos - em lã, cashmere e malha de cashmere. A apresentação,que no início é pontuada pela delicadeza do voil em tons nude, avança para a vibrante magenta, vermelho, uva e preto quando aposta na austeridade da alfaiataria.
Novidade na marca, a parceira com a estilista alagoana Martha Medeiros deu o tom final ao desfile em delicadas peças desenvolvidas em renda de bilro e renascença. A coleção contou ainda com os ousados sapatos oxford da Esdra com tira no tornozelo e abertura no calcanhar.